Dentro da programação de aniversário dos 247 anos de Cáceres, que se comemora no dia 6 de outubro, a professora doutora da Universidade de Cuiabá (Unic), Maria de Lourdes Fanaia, convida os conterrâneos cacerenses e de coração, para o grande evento da noite da próxima quinta-feira, 02 de outubro, 19h na Câmara Municipal. Na oportunidade ela vai autografar mais uma de suas obras: desta vez o inédito livro que conta a história da Câmara Municipal de Cáceres através dos primórdios do século XIX.

Para escrever o livro, a professora filha de Cáceres, mergulhou com muita disposição nos arquivos da própria câmara, nas efemérides do professor Natalino Ferreira Mendes, e nos arquivos municipais. Nem o mofo e a poeira de locais insalubres a impediram de buscar o acervo até então esquecido, mas que se revela de uma riqueza imensurável para agora estar compondo parte da história do legislativo de Cáceres.

Professora doutora da Universidade de Cuiabá (Unic), sócia correspondente do IHGC (Instituto Histórico e Geográfico de Cáceres), membro do PEN Clube do Brasil para a Região Centro-Oeste. Possui três obras impressas e atualmente pesquisa sobre as relações raciais. Desenvolveu a pesquisa de doutorado- A cultura afro brasileira na festa de São Benedito em Cuiabá; em breve será publicado.

Antônio Costa – Doutora, o que a levou pesquisar nos anais sobre a Câmara Municipal de Cáceres-MT?

Maria de Lourdes Fanaia – O que me incentivou? Foi o mestre professor Natalino Ferreira Mendes que me fez pensar, uma vez que ele conhecia a fonte histórica antes de existir o arquivo público da cidade.

Antônio Costa – Além do tempo, o que mais chama atenção com relação a câmara, os vereadores de antigamente para o modelo atual da legislatura?

Maria de Lourdes Fanaia – No período da escravidão quando surgiu a câmara, os vereadores zelavam pelo patrimônio público, legislavam e executavam pela ordem citadina; mas os escravizados foram excluídos, conforme a Constituição de 1824, não eram considerados cidadãos. Hoje o legislativo cria leis, fiscaliza o executivo, lida com a diversidade, com a inclusão social.

Antônio Costa – Qual a importância da obra para resgatar a historicidade da cacerência?

Maria de Lourdes Fanaia – A publicação é importante, no meu olhar de historiadora. Porque valoriza as fontes documentais. São escassas as pesquisas sobre a Câmara Municipal e sobre a cidade no século XIX. É um olhar ao passado que não muda, mas que há diferenças e semelhanças entre os tempos históricos passado e presente: Vila Maria e Cáceres.

Antônio Costa – A sra. Acredita que sua iniciativa possa estimular mais historiadores a erguer essa bandeira de assegurar para a posteridade temas palpitantes que lamentavelmente estão no esquecimento?

Maria de Lourdes Fanaia – Acredito que a pesquisa é  só a ponta do iceberg, ela investiga uma abordagem pouco mencionada na historiografia mato-grossense, os orçamentos públicos. mas através disso foi possível mostrar a cidade e seus moradores. São tantas possibilidades, são tantos questionamentos sobre o assunto que não se encerram na publicação do livro. Outros cientistas sociais podem levantar outras reflexões.

Antônio Costa – Como foi possível a publicação dessa importante obra…. O apoio recebido….

Maria de Lourdes Fanaia – A publicação é importante, no meu olhar de historiadora porque valoriza as fontes documentais. As pesquisas sobre a Câmara Municipal e sobre a cidade no século XIX. É um olhar ao passado que não muda, mas que há diferenças e semelhanças entre os tempos históricos passado e presente: Vila Maria e Cáceres. Como a pesquisa não é absoluta, acadêmicos de graduação e de Pós graduação de qualquer área do conhecimento podem enveredar no tema e somar com a pesquisa.

Sobre a publicação do livro, quando realizei o mestrado pela UFMT-não posso esquecer que um dos incentivos foi a CAPES- eu possuía a bolsa de estudos no Programa de Pôs Graduação em História(strito_sensu). Minha orientadora foi a professora doutora Maria Adenir Peraro. O livro é resultado do curso de mestrado. Destaco que tive oportunidade de publicar há alguns anos em 2006-um resumo-panorama da dissertação pela Câmara Municipal com incentivo dos vereadores da época o amigo Wilson Kishi era o presidente. Recentemente decidi publicar a pesquisa na integra repaginei algumas questões e tive O incentivo cultural ainda que uma pequena parcela foi do vereador Franco Valério e do deputado estadual -Beto 2 a 1.

Antônio Costa – Como cacerense a professora está satisfeita com a produção Literária que aqui emerge?

Maria de Lourdes Fanaia – Como filha de Cáceres, sendo uma pesquisadora, considero que o livro pode ajudar outros pesquisadores- e até mesmo oportunizar leitores a conhecerem sobre Vila Maria- digo que Vila Maria não sai do meu olhar.

Antônio Costa – Suas considerações finais.

Maria de Lourdes Fanaia – Para finalizar penso que nunca é tarde e não há limites quando você busca os degraus dos estudos. Sou filha de um tintureiro e de uma costureira, criada lanchando pão com ovo na  escola, estudei com bolsa na escola particular CIC -concorri a um concurso realizado sobre a cidade de Cáceres na década de 1970 e obtive o 1º lugar – a porta da  Universidade Pública me permitiu caminhar – ao longo do tempo com um projeto na mão, a pesquisa sobre Vila Maria, fui agraciada.