Quase oito crianças ou adolescentes perderam suas mães por mês para o feminicídio, em média, nos seis primeiros meses de 2025 em Mato Grosso. O dado integra o Relatório das Mortes Violentas de Mulheres por Razões de Gênero – Feminicídio (1º semestre de 2025), divulgado pela Diretoria de Inteligência da Polícia Judiciária Civil (PJC-MT).
Ao todo, 46 filhos ficaram órfãos das mulheres assassinadas entre janeiro e junho deste ano. O levantamento mostra que 48% deles têm menos de 12 anos, o que revela dependência total ou parcial de familiares próximos — avós, tios ou irmãos —, que precisaram assumir a responsabilidade pelo acolhimento, sustento e educação dessas vítimas indiretas.
O relatório evidencia o impacto psicológico e social causado pelos feminicídios. Seis filhos presenciaram a morte da mãe, e um terço é filho biológico do próprio agressor, que agora está preso ou morto, rompendo de forma definitiva o vínculo afetivo familiar.
Ainda segundo o estudo, 81% das mulheres assassinadas eram mães e duas estavam grávidas no momento do crime. Os dados reforçam que a violência de gênero ultrapassa o ato individual e atinge o núcleo familiar, deixando um rastro de desamparo e vulnerabilidade que exige ações do Estado.
“As vítimas indiretas revelam consequências sociais graves, pois a violência não atinge somente a mulher, destrói famílias inteiras”, destaca o relatório.
No mesmo período, Mato Grosso registrou 27 casos de feminicídio, distribuídos em 22 municípios. Somente Cuiabá, Cáceres, Lucas do Rio Verde, Rondonópolis e Sinop concentraram 37% dos assassinatos de mulheres por razão de gênero no estado.
Os números reforçam a gravidade do cenário. Segundo levantamento da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) e do Observatório Caliandra, do Ministério Público do Estado (MP-MT), Mato Grosso lidera o ranking nacional de feminicídios pelo segundo ano consecutivo.
Os casos de feminicídio seguem aumentando em Mato Grosso. Entre janeiro e agosto de 2025, 42 mulheres foram assassinadas, um aumento de quase 50% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registrados 26 casos.
Mais do que números, cada criança órfã representa uma história interrompida. O desafio é compreender a extensão da violência e refletir sobre como todos podemos agir para proteger vidas.