Feliciano ‘Não nos representa’
Por Diário de Cuiabá
20/04/2013 - 18:27
Foto: Diário de Cuiabá/Geraldo Tavares
A exemplo do que ocorre em outras cidades do país, representantes da sociedade civil organizada de Cuiabá se reuniram na praça Alencastro, na tarde desta sexta-feira (19), para protestar e exigir a saída do deputado federal e pastor Marco Feliciano (PSC) da presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias.
Feliciano vem ganhando destaque nacional devido a declarações racistas e homofóbicas, tendo como principais alvos gays e negros.
Pelo menos 13 movimentos sociais da Capital se fizeram presentes na manifestação, denominada “ato em defesa dos Direitos Humanos – Feliciano não nos representa”, que contou com aproximadamente 50 pessoas.
Presidente do grupo Livremente, Organização Não Governamental (ONG) que atua em defesa da comunidade LGBT, Clóvis Arantes, observou que as declarações do deputado e pastor somente contribuem para o aumento e disseminação da intolerância entre a sociedade.
“O que é um perigo. A discriminação e a violência andam juntas. Não podemos aceitar uma coisa dessas. Pessoas morrem devido à falta de respeito às diferenças. Basta ver o que aconteceu com o Medina essa semana”, pontuou.
Ele se refere à morte do dançarino Paulo Gois Medina, 43 anos, que morreu na última segunda (15) no pronto-socorro de Cuiabá, após ser esfaqueado dentro de casa.
Parentes e amigos do dançarino acreditam que o incidente tenha caráter homofóbico. A Polícia, porém, ainda investiga o caso. O assassino, Juan Costa Marques Neves, 18 anos, já foi preso.
A professora Antonieta Luisa Costa, presidente do Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso (Imune-MT) classifica a permanência de Feliciano à frente da Comissão como uma “afronta e retrocesso”.
“Ao longo de muitos anos conseguimos direitos, que não podem ser desconsiderados. Esse cidadão, com suas declarações ofensivas, não respeita ninguém. A presença dele na Comissão de Direitos Humanos e Minorias é um retrocesso”, disparou.
Segundo Feliciano, que responde a um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo crime de homofobia, “os africanos descendem do ancestral amaldiçoado de Noé\", e que essa maldição explica \"o paganismo, o ocultismo, misérias e doenças como o ebola\". No início deste ano, disse no microblog Twitter que “a podridão dos sentimentos homoafetivos leva ao ódio, ao crime, à rejeição”.
O deputado e pastor foi conduzido ao cargo no dia 7 de março, após votação. Ele já disse que não irá renunciar.
A manifestação ocorrida ontem na praça Alencastro também foi uma resposta a um ato organizado pelas igrejas evangélicas em apoio a Feliciano, que aconteceu no mesmo local no último dia 16.
No dia 24 de abril irá ocorrer uma marcha nacional, em Brasília, de manifestantes que exigem a saída de Feliciano da Comissão. De Mato Grosso, 50 pessoas devem participar do protesto.