Diario de Cáceres | Compromisso com a informação
Mãos Perfumadas
Por por Clarice Navarro Diório
22/05/2012 - 16:03

Cáceres é referência nacional na prevenção e tratamento de DST/AIDS.A afirmação foi feita diretor do Departamento Nacional de DST/AIDS, Eduardo Barbosa, que esteve na cidade participando do 5º Seminário de Prevenção e Tratamento às Doenças Sexualmente Transmissíveis e Hepatites Virais, realizado na semana passada no município. Segundo ele, o trabalho desenvolvido pelo programa DST/AIDS na cidade e a forma como ele vem sendo executado, vai além das campanhas pré-estabelecidas pelo Ministério da Saúde. Tão importante quanto cuidar do doente é prevenir a doença, e isto se faz com informação. A equipe propaga a prevenção estando sempre presente nos principais eventos da cidade. O seminário reuniu cerca de 220 pessoas, incluindo profissionais de 19 municípios, dentre eles professores e médicos que participaram dos debates e passaram por cursos de capacitação com o propósito de melhorar o atendimento prestado à população. Este ano, os temas foram voltados à prevenção e à atualização de informações relacionadas ao tratamento adequado às pessoas portadoras do vírus da AIDS. A equipe do CTA de Cáceres realmente merece elogios. O Centro de Testagem e Aconselhamento funciona com verbas federais. Não pode faltar a medicação ao doente, mas a equipe vai muito além do trivial: diagnóstico, medicação e acompanhamento. A atenção dada, o carinho e a preocupação sincera com a pessoa afetada se tornam o diferencial que faz o doente ter, antes de mais nada, fé. E vontade de voltar, não interrompendo o tratamento que lhe garante a vida. A vida com dignidade. Há três anos, participei de um seminário local. Antes, fazendo trabalho de assessoria, fui ao CTA e vi como funciona. Geralmente na nossa profissão relatamos fatos cotidianos, e dificilmente "entramos" na notícia. Naquela ocasião, como sempre acontece quando se trata deste tema, fiquei impressionada com o número de pessoas infectadas e com a gama de termos usados, pois cada um se enquadra em uma situação específica: tem o vírus mas não apresenta os sintomas; está infectado e o organismo já apresenta as consequências, e assim por diante. São enquadrados por sexo, faixa etária, opção sexual, usuário de drogas. Cada história traz sua carga de emoções vividas. O susto com o diagnóstico. O impacto com a realidade apresentada. "Mas como aconteceu, e quando?". A parte crucial do trabalho da equipe está aí, no início do tratamento, quando a pessoa precisa superar o efeito surpresa, aceitar a realidade e fazer o tratamento, que hoje no Brasil é um dos mais avançados, garantindo que o paciente prossiga sua vida trabalhando, amando, vivendo. Naquele seminário que participei, ouvi relatos de pacientes que se contagiaram de formas diversas. Todos eles saudáveis. Frequentam o CTA e falam com carinho de toda a equipe. Pouco antes, trabalhando em televisão, comecei a receber cartas e telefonemas de pacientes do CTA. A coordenadora, Wanderly Muniz, que é comissionada, ocupando "cargo de confiança", ia ser trocada. Pautei a equipe para fazer uma matéria. As pessoas que recebem tratamento foram ouvidas, assim como colegas de trabalho de coordenadora, e todos estavam inconformados. O cargo de confiança, geralmente, tem um critério básico para ser ocupado: o QI do postulante, no caso, o Quem Indica. São cargos usados politicamente, salvo raras exceções. E Wanderly era "herança" da administração passada. Prevaleceu o bom senso e a grande mulher e profissional que é continua como coordenadora do CTA, vestindo e suando a camisa todos os dias, coordenando sua equipe que faz o mesmo: trabalha com amor. E todos sabem que o amor é bálsamo para doenças do corpo e da alma. Tudo o que é feito com amor, com dedicação, com boa vontade, é bem feito. Quando comecei a escrever, me lembrei de uma canção. Minha mãe era professora, sempre de séries iniciais, alfabetizando alunos. Eu cresci ouvindo ela cantar quando, em casa, realizava alguns trabalhos domésticos. Durante toda a minha vida, mesmo quando estava em férias na casa de meus pais -e especialmente em datas como o Natal, ela recebia visitas. Eram adultos que eu não conhecia, mas que atendidos diziam: vim ver minha primeira professora. No seu sepultamento, havia muitos desses alunos, e saber que o que ela fez com tanto amor deixou neles boas recordações me conforta. Ah, a canção...parece que estou ouvindo ela cantar agora. Não me lembro dela toda, mas a frase inicial, que, acho eu, cabe perfeitamente neste texto, diz assim: "fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas, nas mão que sabem ser generosas..." a autora é jornalista em Cáceres
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