O espanhol José Maria Martin, 56, é o primeiro profissional do programa “Mais Médicos” a chegar em Mato Grosso e atenderá a população de Cáceres (225 km a oeste de Cuiabá) a partir da próxima segunda-f eira (23). A cidade foi escolhida por fazer fronteira com a Bolívia e oportunizar o contato com os 2 países. Para o médico, a falta de estrutura da saúde pública do Estado não comprometerá o atendimento na atenção básica. Esta semana, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) apresentará a rede, algumas estruturas físicas da Capital e dará orientação sobre Cáceres para o estrangeiro, que segue para o interior na sexta-feira (20). Martin concluiu o curso de Medicina em 1991 e tem especialização nas áreas de estética, família e emergência. Antes de se inscrever para o “Mais Médicos”, trabalhava na Inglaterra, onde afirma que o salário médio de um especialista é de U$ 200 mil ao ano. Porém, entende que dinheiro não deve ser o foco de quem se dedica à medicina. “Financeiramente não compensa vir para o Brasil. Eu ganhava muito mais na Inglaterra, mas há outras satisfações que vão além do dinheiro”. Para ele, o programa é ambicioso e importante, uma vez que procura levar atendimento de saúde a quem não tem esse acesso. “Poder dar saúde a todos é muito importante. Fomos informados que muitas pessoas dessas regiões que passarão a ser atendidas nunca passaram por uma consulta”. Conforme Martin, para fazer o atendimento médico na atenção básica não é necessária uma estrutura de equipamentos sofisticada. “Um bom exame do paciente, com conhecimentos de técnicas que devem ser adquiridos na academia, é possível resolver mais de 85% dos casos”. Relata que atuou como voluntário na Venezuela em uma das inundações registradas naquele país e trabalhou por 10 anos em Portugal, onde teve o domínio da Língua Portuguesa. Quanto à resistência dos médicos brasileiros à chegada dos estrangeiros, ele destaca que não se incomoda e entende que todos têm direito a ter opinião e protestar, desde que não ocorram agressões físicas. Lembra que o europeu não tem o hábito de criar expectativas com os outros e não espera qualquer tipo de “bajulação” da população. “Estou vindo para trabalhar, ajudar e conhecer o país. Espero apenas poder exercer a minha profissão e poder aprender um pouco mais sobre o português e o que mais o Brasil tiver para me ensinar”. FORMAÇÃO - Martin passou 15 dias no Rio de Janeiro participando do curso de qualificação oferecido pelo Ministério da Saúde. Chegou em Cuiabá na noite de domingo (15) e passa pelo processo de acolhimento. Ele é acompanhado pela funcionária do MS, Edicarsia Milhoretto, referência estadual dos Programas Mais Médicos e Provab em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O cronograma da SES prevê a apresentação das áreas técnicas da Secretaria, implantação da rede de atenção à saúde e visita as unidades básicas.