Mandela,exemplo de político e de lições políticas
Por por Lourembergue Alves
08/12/2013 - 13:52
Morreu aos noventa e cinco anos. Nelson Mandela nasceu no final da Primeira Grande Guerra. Tornou-se imortalizado pelo conjunto de suas ações. Ações a favor das coisas e de seu povo e lutas contra o apartheid reconhecidas pelo mundo, que o referencia e o homenageia. Um exemplo de político e de lições de política.
A política - vale grifar - é um instrumento para a conquista da justiça. Para isso, cabe acrescentar, é necessário o aprender a dialogar, a negociar e a participar dos negócios públicos.
Mas, no Brasil, existem pouquíssimos exemplos nessa direção. O que há, em grande número, por aqui, são situações nada louváveis. Aliás, na terça-feira (04/12), no plenário da Câmara Federal, dois parlamentares passaram a se atacar mutuamente com palavrões. Justamente no instante em que crianças de uma escola estavam na galeria.
Cena desagradável, inapropriada e inadequada, além de desrespeitosa para com a instituição, com o eleitorado e com aquele grupo de crianças – que, por certo, se encontrava ali para presenciar exemplo de “amor cívico”, conforme entendia Montesquieu, até para a sua própria formação política.
O presenciado por aquelas crianças, contudo, nada tem a ver com esse processo de aprendizagem, de formação, assim como também não tem o desvio de dinheiro público. A lista de políticos envolvidos com essa prática é grande, mas a imensa maioria dos inscritos na tal prática não está presa.
A impunidade se institucionalizou, embora deva se reconhecer e elogiar o papel do STF no que diz respeito às recentes e às prisões que ainda virão dos mensaleiros. Mensaleiros, cujos crimes são simplesmente vergonhosos. Sobretudo quando se sabe de onde eles, os crimes, eram pensados e planejados. “Não identificados”, infelizmente, pelo gestor-mor. Este, curiosamente, sempre alegou “nada saber”, e, por último, apresentar-se como “traído”.
Os péssimos exemplos não param por aí. Fazem-se presentes em todos os poderes constituídos. Extrapolam os limites do aceitável, a despeito das denúncias, e promovem a taciturnidade nos Parlamentos – municipal, regional e federal.
A Assembleia Legislativa de Mato Grosso ignora cotidianamente o seu real papel. Os “caititus”, parafraseando um ex-deputado, parecem ter se recolhidos. Também, puderam, as sessões são apagadas. Tanto que as atenções se voltam para o Legislativo cuiabano. E não é para menos, uma vez que este tem sido palco – infelizmente – de cenas inapropriadas, com integrantes infringindo as regras, desrespeitando a instituição, ao contribuinte e ao eleitorado.
Diferentemente, portanto, de Mandela, que é um exemplo positivo, apesar de seus erros. Afinal, todo ser humano comete desacertos. Mas suas virtudes são bem maiores do que seus erros.
LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista de A Gazeta