Defesa sanitária em último plano
Por por Rui Prado
27/01/2014 - 09:38
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) divulgou o edital de um concurso público destinado a fiscais federais agropecuários, entre outros cargos. Para a surpresa do setor produtivo de Mato Grosso, que é responsável por 24,6% da produção agrícola brasileira, pelo saldo positivo da balança comercial e pelo maior rebanho bovino do país, menos de 2% das vagas estão destinadas ao Estado. Apenas 15 das 796 vagas são para Mato Grosso, sendo sete para veterinários e apenas uma para engenheiro agrônomo.
A conta que o Mapa fez para destinar novos profissionais para fiscalizar e colaborar com a melhoria da agropecuária mato-grossense não condiz com a realidade e nem com as necessidades do setor produtivo. Um estudo elaborado no ano passado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) identificou o déficit de 127 profissionais que deveriam contribuir com a fiscalização e controle de produtos vegetais, animais, insumos e o trânsito deles no Estado.
Os fiscais são importantes, por exemplo, para garantir a qualidade dos insumos que os produtores rurais compram para suas lavouras, como é o caso dos fertilizantes. E também contribuem para verificar a qualidade dos alimentos que chegam aos consumidores nas gôndolas dos supermercados.
á identificamos, por meio de um trabalho da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), inconformidades nos fertilizantes adquiridos pelos produtores. Mais de 30% das amostras coletadas estavam abaixo do padrão. Este percentual vem reduzindo a cada safra, mas isso se deve mais ao apoio que o próprio setor produtivo precisa dar aos órgãos reguladores públicos que, sozinhos, não têm condições de desempenhar suas funções.
Outra lacuna importante e grave: a necessidade de contratar mais adidos agrícolas para o país. Estes profissionais são do quadro efetivo do Mapa, selecionados para trabalhar estrategicamente em ações e missões diplomáticas brasileiras no exterior. Entre suas várias atribuições estão a busca de melhores condições de acesso de produtos do agronegócio brasileiro nos mercados local ou regional; prospectar novas oportunidades para os produtos do agronegócio brasileiro; coletar, analisar e disseminar informações sobre o mercado local e tendências de comércio, entre outras funções.
Apesar de o Brasil exportar produtos para mais de 200 países e ser o segundo maior produtor de alimentos do planeta, existem apenas oito adidos agrícolas brasileiros espalhados pelo mundo.
O país precisa repensar suas prioridades e reconhecer, de uma vez por todas, que não podemos colocar em risco a agricultura e a pecuária brasileiras.
RUI PRADO é produtor rural e presidente do Sistema Famato