Policiais Militares que atuam em Mato Grosso 'estudam' parar os serviços pouco antes dos jogos do Mundial da Copa do Mundo Fifa como estratégia de pressão contra o governo. A ameaça foi feita por praças (soldados, cabos, sargentos e subtenentes) que iniciaram na manhã de hoje (22) um protesto cobrando melhorias salariais, assim como a redução das escalas de serviço, realização de novo concurso público. Pela manhã cerca de 30 policiais – que não estavam em escala de serviço - se reuniram na praça do Ipase, em Várzea Grande. As redes sociais foram amplamente empregadas para garantir a adesão ao movimento.
Os ‘praças’ representam cerca de 4,5 mil policiais. Hoje, o efetivo total da Polícia Militar é de cerca de 6,5 mil policiais (praças e oficiais – que inclui as patentes de tenente, capitães, major, tenente-coronel e coronel).
A informação quanto a um protesto às vésperas da Copa do Mundo foi divulgada pouco depois de um intenso movimento grevista realizado por policiais militares na Bahia, que resultou em destruição e prisões de militares. Em Mato Grosso, as reinvindicações são coordenadas pela Associação dos Praças dos Policiais Militares (ASPRAMAT). É vetada aos membros das instituição militar a realização de movimentos grevistas, porém, a estratégia é avaliada.
“Nós iniciamos essa luta salarial em novembro de 2013, com o movimento dos 50% que previa que um subtenente recebesse metade do salário de um coronel, que repercutiria para toda classe de praças”, explica o cabo PM Elizeu Nascimento. Ele cita que atualmente o salário inicial de um coronel da PM é um pouco mais de R$ 18.300, enquanto o de subtenente é de aproximadamente R$ 5.900. Elizeu também lembra que, de acordo com um estudo realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o salário dos praças em Mato Grosso é o quarto pior do Brasil, enquanto ao dos coronéis é o segundo melhor do país.
Ele destacou que a Assembleia Legislativa aprovou no final de março o Plano de Cargos e Carreiras para a categoria, porém, sem benefícios pecuniários imediatos. “Cheguei a ser recebido pelo governador, mas sem sucesso a nossa solicitação”.
Também representante da Associação, o sargento Gleyton José Resende, defende a legitimidade das cobranças, considerando o esforço diário de cada policial militar. Ele reafirmou ainda que a nova Associação foi criada para garantir um diálogo com o governo do Estado. “Não nos sentíamos representados e por isso a fundação de uma nova Associação”, pontua.
Gleyton afirmou a reportagem que pediu afastamento de suas funções junto a PM para poder atuar. Ele ainda ponderou quanto a necessidade do cumprimento de rigorosas escalas em que policial não possui tempo de descanso.
"O militar, mesmo que esteja de folga, pode ser convocado para ir ao Fórum ser ouvido e não existe a negativa. O militar comparece com seu veículo, no momento em que deveria estar cumprindo sua folga”.
A reportagem do Olhar Direto entrou em contato na manhã de hoje com a Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros de Mato Grosso, que participou das reuniões com o Governo do Estado, e informou que somente teve conhecimento do protesto mediante a veiculação em mídias sociais.
A reportagem do Olhar Direto entrou em contato com a Secretaria de Comunicação do Governo do Estado (Secom-MT) e aguarda posicionamento sobre as reinvindicações apresentadas.