A participação da bancada de Mato Grosso na votação da emenda das Diretas foi marcada pela ausência de três deputados federais da base governista: Bento Porto, Cristino Cortes e Jonas Pinheiro (todos do extinto PDS). Entre os que compareceram, apenas o deputado federal Maçao Tadano (PDS), votou contra a proposta.
Hoje com 74 anos, Tadano disse, em entrevista por telefone ao DIÁRIO, que seu posicionamento à época refletia um entendimento de seu grupo político. “Nunca agi sozinho na política. Nunca fui individualista. Meu grupo assim decidiu e foi assim que votei. Não me arrependo de nada”, afirmou.
Segundo ele, uma avaliação do que ocorreu naquele momento tem de levar em conta as circunstâncias da época. “Hoje os tempos são outros e as coisas evoluíram. Hoje em dia está tudo bem mais tranquilo”.
Entre os quatro que votaram sim, todos do PMDB, o único remanescente é o ex-deputado e ex-senador Márcio Lacerda (os outros, além de Dante, foram Milton Figueiredo e Gilson de Barros, todos já falecidos). Ao DIÁRIO, ele avaliou a participação da bancada como o resultado da falta de “peso político” do Estado.
“Mato Grosso tinha pouca densidade política e o partido governista era muito forte. Então, o controle ficava mais fácil, o que se refletiu nas ausências de alguns”, disse.
Sobre o arquivamento da proposta, Lacerda disse que o resultado pegou de surpresa os peemedebistas. “A lógica, diante de tudo o que ocorreu, era que a emenda passasse. Foi um desapontamento muito grande”.
Aos 71 anos, ele diz ter orgulho de ter participado do movimento. “Foi bom para o país. Foi uma retomada da noção de cidadania, que se refletiu mais tarde na eleição de Tancredo e na redemocratização em definitivo”. (RV)