Começou na manhã de quinta-feira, 18, e só terminou às 5 da manhã de sexta,19, o juri de Hugolino Corbelino Neto, Irineu Silveira da Cruz e Danilo Gustavo de Oliveira. Os três foram acusados pelo assassinato de Igor Cáceres Dan-Hugo(na época com 23 anos, como autor, e os outros dois como co-autores. Os fatos se deram, na madrugada de 7 de maio de 2010, durante um discussão, nas dependências do posto Guará. Hugolino sacou uma pistola e disparou três tiros, em Igor, tendo atingido dois, um deles no lado direito do pescoço, perto da nuca, que atravessou sua coluna cervical. A vítima morreu no local. Depois, Hugo deixou o local na garupa de uma moto, sendo preso a seguir. O condutor da moto, chamado Juliano, nunca foi preso e é considerado foragido da justiça. Irineu e Gustavo foram acusado de ter passado a arma a Hugo.
Nos mais de 20 depoimentos, ninguém confessa ter visto Hugo recebendo a arma, o que levou o Conselho de Sentença a absolver Irineu e Danilo por falta de provas (a votação foi de 4X0).
Já Hugolino, que confessou o crime, afirmou perante o juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, que presidiu o juri, que agiu sozinho. Também ao promotor de justiça Rinaldo Segundo e ao assistente de acusação advogado João Mario Maldonado, ele inocentou os outros acusados e disse que a arma, uma pistola, era dele e estava com ele no posto. Hugo disse que estava alcoolizado e atirou depois de ter sido humilhado verbalmente pela vítima. Ambos discutiram porque um mendigo, conhecido como "Cigano Ceará", se aproximou do grupo para pedir dinheiro e foi empurrado por Hugo, caindo ao chão e ferindo o rosto. Cigano teria pego então uma garrafa de cerveja, quebrado, e tentado com o vidro atacar Hugo, sendo impedido por Igor. A condenação também foi por 4X0.
A maioria das testemunhas afirmam ter visto a discussão, mas não ouvido os diálogos. Uma, diz que Hugo pediu desculpas a Igor que não aceitou. Hugo então teria se afastado, pedido ao Juliano que esperasse com a moto ligada, voltado e atirado.
Ao juiz, Hugo disse que Igor o chamou de "bosta", afirmando ainda "você não é nada, saia daqui".
Cigano também depôs e o Conselho de Sentença ouviu seu depoimento em áudio. Ele confirma a intenção de matar Hugo com a garrafa, diz que era amigo de Igor, que na época tinha um carrinho de lanches na rua lateral a Catedral, e que ele (Cigano), o ajudava e fechar, recolher mesas e cadeiras, recebendo em troca lanche e algum 'trocado'.
Hugolino foi condenado por homicídio qualificado (motivo fútil e não dar a vítima a oportunidade de defesa), a 14 anos de prisão em regime fechado. Ele está preso pelo crime ha 4 anos e 5 meses. Seus advogados, Marcílio Donegar e Michelle Donegar,(de Cuiabá) informaram que o resultado foi considerado positivo, mas que irão recorrer da sentença, para a diminuição para pena mínima (12 anos). Informaram ainda que Hugo tem 11 meses de remição e logo completa 2/5 da pena, sendo possível pleitear o regime semi-aberto..
Danilo foi defendido pela advogada designada Taiza Borges Bernardes, de Mirassol D´Oeste..Irineu teve como advogado de defesa Bruno Alegria, que trouxe como advogados convidados Anderson Figueiredo e Elder Kennidy Almeida, todos de Cuiabá. Eles informaram que em Cáceres nenhum advogado quis defender as vítimas.. "Sabíamos que o crime causou comoção popular, que a família da vítima, a qual expressamos nossos respeito, é composta por advogados, mas confiamos que o Conselho de Sentença entenderia que realmente ambos não são culpados. E assim aconteceu". Bruno advoga para Irineu em um processo de tráfico de drogas, no qual Danilo também está envolvido. Por isso, ambos permanecem presos.Por, no passado, ter composto o Conselho de Sentença na comarca de Cáceres, Irineu está preso na Polinter m Cuiabá. Hugo e Danilo seguem presos em Cáceres.
A acusação afirmou que trabalhou com o que tinha em mãos para condenar os três, principalmente pelo "ouvir falar" da entrega da arma a Hugo, por Irineu e Danilo, "mas infelizmente nenhuma das testemunhas confirmou isso, o que nos deixou sem provas substanciais".
A família de Igor Cáceres Dan não quis dar declarações sobre o resultado do juri.
Após proferir a sentença, o juiz Jorge Alexandre conversou por alguns minutos com Hugolino. Aconselhou que ele aceitasse ir para a "la dos irmãos", onde comprovadamente não entra drogas. "Sabemos -disse ele- que uma forma ou outra entra droga na cadeia e Hugolino já confirmou por diversas vezes ser usuário".
Na época dos fatos, o advogado Antônio Dan, pai de Igor Cáceres Dan, que segue a doutrina espírita, afirmou que já havia perdoou Hugolino Corbelino e que não queria vingança ou perseguição. Durante o juri, que durou 21 horas e que ele acompanhou integralmente, ele explicou que perdoou, sim, como cristão, "mas vejo a necessidade de que ele cumpra também a justiça dos homens. A de Deus, todos nós cumprimos".