Em seis estados, incluindo Mato Grosso, há indício de compra e venda no gabarito de provas do processo seletivo realizado este ano
Mato Grosso é um dos seis estados onde há suspeita de fraude no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano. A informação foi confirmada pela Polícia Civil de Minas Gerais, que desarticulou uma quadrilha especializada na fraude de vestibulares, que cobrava até R$ 100 mil por gabaritos de provas, inclusive de Medicina.
Além de Mato Grosso, o Enem teria sido fraudado em outros estados: São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. No último domingo (23), 21 pessoas que compraram o gabarito para o processo seletivo da Faculdade Ciências Médicas, na capital mineira, foram detidas.
As investigações da operação ‘Hemostase II’ começaram em dezembro do ano passado e, segundo o delegado Jeferson Botelho, a quadrilha age no Brasil há mais de 20 anos. Ele suspeita que tenha havido fraude no Enem de 2012, 2013 e 2014.
Em Mato Grosso, o Enem é a única forma de ingressar nas instituições públicas, como a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Universidade do Estado (Unemat), e Instituto Federal (IFMT).
Nos próximos dias, outros pedidos de prisão devem ser formalizados pelos promotores de Justiça. Ainda não foi confirmado se há membros da quadrilha no Estado. O resultado final da operação será apresentado nos próximos dias.
Até o momento, 11 integrantes da quadrilha foram presos. Os dois suspeitos de liderar o grupo são mineiros: Áureo Moura Ferreira e Carlos Roberto Leite Lobo. Eles foram detidos em Belo Horizonte, onde monitoravam os trabalhos na tarde do vestibular.
Na residência de Ferreira, foram encontrados vários materiais que mostram a ligação com a fraude, entre eles cadernos do Enem e provas de vestibulares, além dos aparelhos de escuta.
A ação do grupo se dava da seguinte forma: outros membros se passavam por candidatos, faziam as provas rapidamente, saiam com os resultados das questões e, por meio de um ponto eletrônico, repassavam para os candidatos envolvidos no esquema.
O último lote de equipamentos adquiridos pela quadrilha era composto por micropontos e um moderno sistema de transmissão de dados, que teria sido adquirido na China por 200 mil dólares.
O Diário entrou em contato o Inep, e por meio de nota, foi informado de que a segurança do Enem é feita antes, durante e após a aplicação dos testes pela Polícia Federal. Nesta edição, 1.59 participantes foram eliminados por tentativa de fraudes.
Sobre o caso em questão, o Inep não recebeu da Polícia Federal qualquer informação sobre o caso. Foi inteirado que o instituto é o maior interessado no esclarecimento desses benefícios ilegais, bem como na punição dos beneficiados.
O delegado responsável pela operação, Jeferson Botelho, foi procurado pela reportagem, mas não respondeu às ligações. O grupo pode responder por formação de quadrilha, falsidade ideológica e fraude em certame de interesse público. Já os beneficiados podem responder por fraude.