Com o registro do crescimento do desmatamento nos últimos seis meses em Mato Grosso e a aproximação do período de estiagem, a possibilidade de aumento no número de queimadas passa a ser uma preocupação. Porém, as ações de prevenção e repressão esbarram nos parcos recursos financeiros e humanos, quesitos considerados fundamentais para o controle e combate aos incêndios florestais. Neste ano, o Estado já registra aumento de 90% dos focos de queimadas em relação aos três primeiros meses de 2014.
“Na Secretaria (de Meio Ambiente) há uma dotação específica para as queimadas assim como na Defesa Civil e no Corpo de Bombeiros por isso há necessidade de nós estarmos nos organizando e dialogando para que possamos unir o pouco que se tem para fazer mais do que se fizermos isoladamente”, acredita a secretária de Estado de Meio Ambiente (Sema), Ana Luiza Peterlini.
Ontem, em Cuiabá, autoridades locais ligadas ao meio ambiente estiveram reunidas no “I seminário Estadual de Prevenção e Controle e Combate de Incêndios Florestais”. “O incêndio é um grande problema e temos um pequeno exército para combatê-lo”, disse o comandante do Corpo de Bombeiros, Júlio Cezar Rodrigues durante a abertura do evento.
Contudo, Peterlini garante que o trabalho de fiscalização e de educação ambiental será feito em todo o Estado. “Nós vamos fazer esse trabalho. Temos material humano e infraestrutura, mas não temos recursos para contratar brigadistas, que seriam uma necessidade”, contrapôs. O investimento previsto este ano para as ações na área não foi informado.
Coronel Rodrigues entende ainda que hoje o grande desafio para evitar incêndios é desenvolver uma estratégica que consiga atingir de maneira eficiente as pessoas, tanto na área urbana como na rural, de forma que mudem o comportamento e evitem as queimadas.
Já propriamente o combate do fogo passa por outras dificuldades. “O combate a incêndio florestais em um Estado com dimensões de mais 980 mil quilômetros quadrados, três grandes ecossistemas, a Floresta Amazônia, Pantanal e o Cerrado, e um Corpo de Bombeiros com baixíssima capilaridade e pouca capacidade de logística de fazer o enfrentamento em terrenos inóspitos e grandes áreas, tudo isso dá a dimensão do tamanho do problema. Combater nunca é a melhor opção”, disse.
Segundo ele, a melhor alternativa é a fiscalização e a responsabilização dos responsáveis, cujo índice é baixo no Estado. “Temos que intensificar a fiscalização e responsabilizar as pessoas que praticam. E, aí temos, outros víeis. A fiscalização demanda recursos por que é preciso movimentar pessoas, de viaturas, diárias, tecnologia e procedimentos por que se não for tudo bem feito não consegue responsabilizar a pessoa. Em área queimadas precisa de perícia para saber onde o fogo teve origem e identificar que determinado proprietário é o responsável”, frisou. Contudo, Estado conta com poucos peritos para fazer a investigação e determinar as causas do incêndio florestais.
Divulgados em março passado, dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Imazon, mostraram que o desmatamento em Mato Grosso, no período de agosto de 2014 a janeiro deste ano, chegou a 579 quilômetros quadrados, um aumento de 665% em relação ao mesmo período do ano anterior.
De 1º de janeiro e 31 de março, o Estado contabiliza 2.191 focos de calor, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), valor 90% maior que no mesmo período do ano passado, quando 1.207 focos de calor foram identificados.