A crise no setor de saúde, em Mato Grosso, atinge os hospitais São Luiz e Regional de Cáceres, os principais da região Oeste do Estado. Com salários atrasados há três meses, por falta de repasses do SUS, os médicos do Hospital São Luiz, já decidiram: vão suspender os atendimentos se não houver um posicionamento do governo, até na quarta-feira (22). No Hospital Regional, a situação é ainda pior. Além do atraso no pagamento dos salários, por falta de repasses, o único tomógrafo da unidade está quebrado, deixando centenas de pacientes sem exames, há mais de sete meses. Até no final de sexta-feira (17) o governo do Estado, não havia se manifestado.
A situação é preocupante. O hospital São Luiz realiza, em média, 600 internações, 750 consultas e 250 cirurgias eletivas, pelo SUS, mensalmente. Especializado em traumatologia, o Hospital Regional, de acordo com a direção, atende, mensalmente, em média, três mil pacientes. “Infelizmente, a população mais humilde, atendida pela rede pública, poderá ser a mais prejudicada, caso não haja uma definição para evitar a paralisação” afirmou o diretor do Hospital São Luiz, Onair Nogueira, informando que já comunicou o fato ao Ministério Público, Escritório Regional de Saúde, Central de Regulação, Secretaria Municipal de Saúde, Câmara de Vereadores e Secretaria de Estado de Saúde.
Além de Cáceres, os hospitais São Luiz e Regional atendem pacientes dos 22 municípios da região, do Estado de Rondônia e até da Bolívia. No caso do Hospital São Luiz, é a segunda paralisação, em menos de seis meses, pelo mesmo motivo. No mês de dezembro de 2014, os médicos também suspenderam as atividades depois de ficarem quatro meses sem receber os salários. No início do ano, já na gestão do governador Pedro Taques, a secretaria de Saúde, efetuou um repasse amenizando a situação. Porém, de acordo com a direção hospitalar, foi o único. Diante disso, os médicos ameaçam com nova paralisação. Em caso de suspensão das atividades são mantidos apenas atendimentos de emergência, não havendo internações, consultas e cirurgias eletivas.
“Como tocamos um hospital referência em traumatologia, sem sua principal ferramenta?” indaga um médico do Hospital Regional, se referindo ao tomógrafo, para realização de exames de tomografia computadorizada, que está quebrado, há pelo menos, sete meses. A direção hospitalar evita entrar em detalhes. Porém, avalia que, mensalmente, cerca de 300 exames - uma média de 10 por dia-, deixaram de ser realizados nos últimos seis meses.
Os problemas do Hospital Regional, no entanto, não se resumem apenas na falta do tomógrafo. Inaugurado em 2001, atualmente, depois de 14 anos, a estrutura da unidade já não atende a demanda, de pacientes dos 22 municípios da região, de Rondônia e até da Bolívia. A meta de saída hospitalar – pacientes que são atendidos, através de procedimentos cirúrgicos – é de 683 pacientes mensais. Porém, esse número é ultrapassado, em média de 30%. “Apesar da média de saída hospitalar ser de 683 pacientes, mensalmente, existem meses, que se realiza cirurgias em até mil pacientes. Causando um déficit de até R$ 500 mil mensal, tendo em vista que o hospital recebe por 683 procedimentos” explica o médico.
Os exames que deixam de ser realizados no hospital por falta do tomógrafo são encaminhados para o hospital São Luiz ou mesmo para Cuiabá, o que na maioria das vezes, de acordo com os médicos, acaba comprometendo o tratamento do paciente.
Assim como o hospital São Luiz, o Hospital Regional de Cáceres é mantido pela Organização Congregação de Santa Catarina. Atualmente a entidade conta com Ambulatório, Serviço de Atendimento a Diagnóstico e Tratamento (SADT), tratamento de Oncologia, Mamografia para diagnóstico precoce de câncer, Neurocirurgia de alta complexidade, Cirurgias Ortopédicas, Geral e de buco-maxilo de média complexidade, Atendimento de Urgência e Emergência, UTIs adulto e pediátrica, Unidade de Coleta e Transfusão de Sangue e Internações.
Por outro lado. No início da semana passada, a Secretaria de Estado de Saúde, informou através da assessoria de comunicação, que estaria emitindo uma nota explicando a situação dos hospitais, o que até no final de sexta-feira, não aconteceu.