Sobrevivente de ataque nuclear ao Japão mora em Cuiabá
Japão, 9 de agosto de 1945. Um cogumelo subiu ao céu. Deixou 39 mil mortos. Nagasaki virou escombros. Masanobu Kazurayama não entendia o que acontecia. Era criança. Continuava a brincar na estrada perto da cidade que a barbárie da guerra acabara de destruir até que alguém o levou para uma vala no quintal de sua casa onde a vizinhança se escondia dos bombardeios.
O menino Kuzurayama escapou ileso, mas passou a infância testemunhando a dor física dos atingidos pelo ataque, e o sofrimento dos que perderam parentes, amigos e conhecidos para o poder avassalador da terrível arma utilizada pelos Estados Unidos contra a população japonesa.
Kuzurayama virou hibakusha, como são conhecidos no Japão os sobreviventes das bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki no final da Segunda Guerra Mundial.
O hibakusha Kuzurayama cresceu sonhando com o paraíso ensolarado chamado Brasil. Em 1961, zarpou num navio realizando seu sonho. Chegou ao Paraná. Três anos depois estava em Mato Grosso, onde venceu na área empresarial. Construiu uma casa na barranca do rio Cuiabá, perto da capital. Vive em paz com a família. Divide o tempo entre a piscicultura e o hobby da pintura.
Nas discretas reuniões da colônia nipo-brasileira em Mato Grosso, Kuzurayama prega a cultura da paz com a credibilidade de quem sobreviveu ao horror atômico. Seus ensinamentos repercutem entre os conterrâneos e seus descendentes nascidos brasileiros e que há décadas contribuem para o desenvolvimento mato-grossense.
O nosso hibakusha Kuzurayama é um rosto a mais na numerosa colônia japonesa, que tem papel importante em Mato Grosso. Seu patrício Noda Guenko fundou a cidade de Pedra Preta. Filhos da Terra do Sol Nascente e seus descendentes ocupam lugar na comunidade científica e intelectual, participam ativamente da vida política e social, transmitem tradições e cultura e miscigenam a população que a cada dia é mais cosmopolita nesta terra abençoada por Deus e cercada de América do Sul por todos os lados.