A Superintendência do Incra no Mato Grosso apresentou projeto piloto de tecnologias sociais de acesso a água da chuva, saneamento rural e educação ambiental na última sexta-feira (6). O evento aconteceu em Cuiabá, no Instituto Nacional de Pesquisas do Pantanal, campus da Universidade Federal, durante o Fórum Áreas Úmidas e Escassez Hídrica no Berço das Águas: Ciência, Sociedade e Cultura.

O Fórum teve como proposta discutir questões relacionados a áreas úmidas, escassez e disponibilidade dos recursos hídricos no Brasil e no mundo. Entre os temas debatidos, além do projeto do Incra, estavam: Serviços Ecossistêmicos das Áreas Úmidas – Produção e Qualidade da Água; Energia, Impactos Ambientais e Escassez de Água no Contexto das Mudanças Climáticas; Legislação e Políticas Públicas – Justiça Ambiental e Água.

O engenheiro agrônomo Samir Curi, idealizador e responsável pelo projeto, considerou que a iniciativa tem por finalidade difundir tecnologias sociais de acesso a água da chuva. As estratégias também servem de orientação sobre os cuidados e formas de tratamento para obter água potável.

Além de resolver parcialmente o problema da falta de água em escolas e pequenas propriedades rurais, a iniciativa aborda a necessidade de preservação dos recursos naturais e seu uso sustentável, explica Curi.

Projeto no Mato Grosso

O projeto envolve assentados e alunos de escolas rurais nos municípios de Cáceres, Várzea Grande e Santo Antônio de Leverger, e conta com o uso de: cisternas, barraginhas, lago de múltiplo uso e biofossas.

As cisternas instaladas em lotes rurais têm capacidade para oito mil litros. Revestidas por vinil, colhem água através de calhas localizadas nos telhados das casas. Após o uso de pré-filtro, filtro de barro, cloro e acompanhamento por agente de saúde, a água serve para consumo humano. Nas escolas as cisternas, com capacidade para 125 mil litros, são revestidas de lona e a captação é pelo telhado do prédio escolar. A água é utilizada em banheiros, limpeza e irrigação de hortaliças.

Já as barraginhas armazenam água proveniente de enxurradas. O seu uso serve para animais e/ou produção de hortaliças e frutíferas no entorno da barragem, que tem o solo úmido. Já o lago de múltiplo uso, instalado em lotes rurais, é também forrado de lona e a água serve para plantio irrigado ou para animas. A captação também é feita pelos telhados das construções.

Por fim as biofossas, ou fossa séptica biodigestora, surgem de experiências sobre o aproveitamento de água da chuva. Compostas por caixas de fibrocimento ou fibra de vidro, que ficam enterradas, recebem o esgoto do vaso sanitário e o transformam em biofertilizante. Substituem a “fossa negra”, preservam o meio ambiente, não geram cheiros desagradáveis e nem atraem ratos. A tecnologia foi desenvolvida pela Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

“Além de garantir água para famílias assentadas, estudantes e animais no período da seca, o mais importante é criar o hábito nas pessoas de utilizarem a água das chuvas e despertar para seu uso racional.”, comenta Curi. O engenheiro agrônomo destaca ainda que estas tecnologias sociais são sustentáveis, eficientes, de baixo custo e promovem a melhoria da qualidade de vida e saúde das famílias.

Parcerias

O projeto conta com parceria do Ministério Público de Mato Grosso por meio do Juizado Volante Ambiental (Juvam), que destina recursos financeiros provenientes de multas ambientais para obtenção dos materiais como calhas e lonas; da Empresa Mato-grossense de Pesquisas e Extensão Rural (Empaer)l; da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); da Fundação de Amparo à Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Fundaper); de Prefeituras e da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).