Claudionor Duarte Correa:"Será que não poderiam colocar este mês de outubro e o de fevereiro como exclusivo para o pesque e solte até que se tenham estudos que comprovem essa necessidade?"

Representantes do setor do turismo já vêem com temor o aumento do período proibitivo de pesca de quatro para seis meses. A partir deste ano segundo a Secretaria de Meio Ambiente, o período de piracema pode ser de outubro a março. 

O presidente da Associação dos Profissionais Autônomos de Turismo, Claudionor Duarte Côrrea, diz que certamente o aumento do período proibitivo irá gerar um grande conflito e também será prejudicial ao turismo de Mato Grosso. 

Segundo ele, o Turismo de Pesca Esportiva é um dos setores que mais crescem em Mato Grosso. Tanto que levantamento nos últimos cinco anos do Registro Geral da Pesca aponta que Mato Grosso é o Estado mais procurado para a prática. O maior estado emissor desse turista é São Paulo, seguido por Minas Gerais e Paraná. 

De acordo com dados do Banco Mundial, o turismo de pesca movimenta cerca de US$ 190 bilhões ao ano em todo o mundo. Em Mato Grosso, 45 dos 141 municípios são propícios à prática do esporte. Entre eles o que mais gera empregos e que já está com a atividade consolidada é Cáceres (220 quilômetros de Cuiabá). O município tem hoje 3.600 embarcações registradas na Marinha do Brasil, 16 barcos hotéis e seis pousadas que trabalham exclusivamente com a pesca esportiva. “Geramos hoje cerca de 2.500 empregos diretos e indiretos no município. A pesca esportiva é uma fonte geradora de renda para muitas famílias da região”, destaca o presidente Aspatur, Claudionor Duarte Correa. 

Ele diz que não é contra a defesa do meio ambiente, mas que é preciso buscar outros mecanismos de forma a pensar em todos os envolvidos. Ele cita que, na cidade de Cáceres, 80% do pessoal que trabalha com turismo é diarista e que todos serão diretamente afetados. “Não vai ser fácil, os barcos-hotéis vão ter que parar. Outra situação é que Cáceres não tem muitos empregos. Como as pessoas vão sobreviver?”, indaga Claudionor Côrrea. 

A mudança no período atende à Notificação Recomendatória do Ministério Público Estadual (MPE) n° 01, de 12 de janeiro de 2015. De acordo com a secretária executiva do Conselho Estadual de Pesca, Gabriela Priante, estudos mostram que outubro é o mês em que os peixes iniciam sua fase de reprodução. Mas sobre estender o término do período da piracema para março, por enquanto, a decisão está em fase de análise. No dia 06 de maio, o Conselho volta a se reunir para votar sobre a ampliação para março. Mas já está confirmado que a piracema começa com um mês de antecedência. 

A representante da Federação de Pescadores de Mato Grosso e presidente da Colônia de Pescadores Z-2, em Cáceres, Elza Basto Pereira, diz que muitas questões ainda precisam ser levadas em consideração a respeito do assunto. Como será o seguro para os pescadores, como será o setor de turismo, entre outros. “Quanto ao seguro, é preciso ter um alinhamento com Governo Federal, afinal, é necessário além de se pensar no meio ambiente, pensar também na sobrevivência do pescador”, afirma Elza Pereira.