Com o objetivo de produzir mudas de pequi (Caryocar brasiliense) e ao mesmo tempo estabelecer uma rotina de germinação de sementes, o viveiro de mudas da Empresa Mato-grossense de Pesquisa Assistência e Extensão Rural (Empaer), em parceria com o Instituto Ação Verde, implantou três canteiros de produção. O coordenador do viveiro, Antônio Rocha Vital, explica que foram produzidas 1,5 mil mudas de pequi e o índice de germinação já chegou a 22% no viveiro, podendo atingir até 45% o que é considerado inédito para a espécie.
O pequi é uma fruta nativa do cerrado e utilizada para reflorestar áreas degradadas no Vale do Rio Cuiabá. Também é muito apreciada na alimentação. Rocha comenta que as sementes foram coletadas na propriedade do agricultor rural Sebastião Jesuíno de Oliveira, na fazenda Triângulo no município de Chapada dos Guimarães, nas proximidades do Lago do Manso. Mais de três mil frutos foram coletados recém caídos ao solo e em boas condições pelo técnico agropecuário e responsável pela multiplicação das mudas, Roberto Arcanjo.
O processo para preparação das mudas começa com a retirada da casca da fruta no dia seguinte à coleta. O coordenador destaca que os caroços retirados são colocados em um tambor com aproximadamente 200 litros de água com 500 gramas de soda cáustica (hidróxido de sódio (NaOH) e ficam de molho por dois dias, período em que a polpa é removida da semente. E para descartar toda a polpa, as sementes são batidas por cinco minutos em uma betoneira com capacidade para 50 litros.
Antônio adverte que é necessário tomar cuidado ao virar a betoneira para não ter contato com a pele, pois a soda cáustica causa queimadura. Outro ponto importante é limpar a betoneira com lavadora de pressão para retirar toda a soda. Após a retirada da semente do equipamento deixar para secar na sombra por 30 dias. Decorrido este prazo, colocar de molho em uma solução de água e ácido giberélico (10 gramas em 30 litros de água) por 6 horas, realizando o plantio em seguida, antes de secar.
No viveiro, o plantio foi feito em saquinhos com substrato de terra de cerrado arenosa sem adubação. Após 28 dias, as sementes começaram a eclodir em épocas diferentes e agora encontram-se em três etapas distintas: folha madura, jovens e mudas em plântulas. O técnico Roberto está otimista com o cultivo do pequi e espera que as mudas estejam prontas para reflorestar áreas degradadas em dezembro deste ano.
Além das mudas de pequi, Arcanjo esclarece que o plantio de sementes acontece durante o ano todo no viveiro da Empaer. São produzidas mudas de espécies nativas e frutíferas como tamarindo, caju, jenipapo, amora e outras. Conforme Arcanjo, o viveiro de mudas nativas está expandindo a quantidade de variedades. Até o final do ano serão 70 espécies diferentes de plantas.