Mato Grosso está entre os Estados em que a Polícia Federal (PF) cumpriu, ontem, 35 mandados de busca e apreensão em uma operação de combate à pedofilia na internet. Até o fim da manhã, pelo menos 15 homens foram presos em flagrante, suspeitos de armazenar ou compartilhar material pornográfico infantil na web. Em meio aos arquivos a que a PF teve acesso, há até imagens de bebês sendo violentados.
Entre os suspeitos, um servidor da Câmara dos Deputados, que guardava 300 HDs em casa. A ação também ocorreu no Distrito Federal, Goiás e no Espírito Santo. Em Mato Grosso, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em Cuiabá e Sinop (503 quilômetros da capital).
Na ação, foram apreendidos smartphones, pendrives, computadores e outros aparelhos usados para armazenamento, produção e divulgação de pornografia infantil na web. "É crime armazenar, ter consigo imagem de sexo explícito ou pornográfico envolvendo crianças e adolescentes", esclareceu o delegado Stênio Santos Sousa.
Conforme ele, para evitar ser pego em flagrante, um suspeito chegou a engolir um pendrive que supostamente contém imagens de pedofilia. Até as 9h30 de ontem, 150 policiais federais ainda estavam nas ruas cumprindo os mandados.
De acordo com a Polícia Federal, o material foi apreendido nas casas de integrantes, que armazenava e distribuía o material ilícito via “P2P” pela internet. O mecanismo obriga que a pessoa envie um arquivo se quiser baixar outro.
A polícia tem indícios de que os suspeitos também usavam a "deep web" (“região” da internet usada principalmente por hackers ou criminosos por ser de mais difícil rastreio) para anunciar o material. Na operação, os policiais recolheram malotes e mochilas, que vão passar por perícia. As investigações vão apurar se os integrantes tinham ligação entre si e comercializavam as imagens.
Agora, um banco de dados compartilhado com a Agência de Polícia Internacional (Interpol) e a polícia federal americana (FBI) será usado para tentar rastrear os documentos. Com isso, a PF espera esclarecer onde as imagens foram produzidas e a identidade das vítimas.
As investigações iniciaram no começo do ano passado, por iniciativa da própria PF. De acordo com informações do site “G1 Distrito Federal”, o delegado Stenio Souza disse que a operação poderia ter sido concluída em três meses se não fosse pela demora de a Justiça Federal determinar o início da operação.
Isso teria dado tempo para suspeitos apagarem arquivos ou mudar de endereço, por exemplo. Entre os motivos para a demora está o fato de que a Justiça precisava ter certeza de que o material envolvia pornografia infantil.
A operação levou o nome de Láquesis, em referência à mitologia grega. Láquesis é uma das três moiras, irmãs que, na Grécia antiga, determinavam a vida humana e o destino de cada um. Elas eram responsáveis por tecer e cortar aquilo que seria o fio da vida de todo indivíduo.