Universidades recebem zero
Por Laura Nabuco/Diário de Cuiabá
04/09/2012 - 05:46
Um levantamento realizado pelo jornal paulista Folha de S. Paulo creditou nota zero nos quesitos qualidade de ensino e indicador de inovação a três instituições de ensino superior do Estado: a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) e a Universidade de Cuiabá (Unic).
Nenhuma dela foi lembrada como referência de ensino em alguma área do conhecimento pelos 597 pesquisadores do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) ou possuía projetos de pesquisa que se transformaram em produtos patenteados.
Ao todo, 188 instituições foram avaliadas em quatro itens: qualidade de ensino, de pesquisa, avaliação do mercado e indicador de inovação. A melhor colocação mato-grossense ficou por conta da UFMT que, com um total de 46,89 pontos, ocupa a 51ª posição do ranking.
Apesar das notas zeradas, a reitora Maria Lúcia Cavali comemorou os números. “Ficamos entre os 30% das melhores universidades do país”, argumenta. Para ela, o principal problema que a UFMT enfrenta é quanto às dificuldades para patentear os resultados de pesquisas. A reitora justifica que até hoje apenas um projeto, na área de Física, resultou no título para a universidade.
“É uma questão cultural, além de ser muito difícil conseguir uma patente. Instituições como a Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, têm apenas 20 títulos destes. Na UFMT, a principal barreira é que os professores e alunos não têm esse espírito empreendedor, mas vamos continuar estimulando”, sustenta Cavali.
Com menos da metade da nota da UFMT (19,72 pontos), a Unemat ficou na 134ª posição. O reitor da instituição, Adriano Silva, ponderou não conhecer a fundo os métodos utilizados para o levantamento. Apesar disto, argumentou que a universidade é nova, o que justificaria a pequena quantidade de professores doutores.
“Temos cerca de 20 anos de criação e 208 doutores. A UFMT tem aproximadamente mil. É claro que universidades assim vão se sobressair no que diz respeito à pesquisa, mas nós estamos avançando. Até 2014 vamos ter mais 200 doutores formados”, garante.
A exemplo de Cavali, Silva também questionou os métodos para se avaliar a qualidade de ensino. Ambos afirmaram possuírem indicadores que apontam resultados bem melhores neste quesito. O reitor ainda reclamou da falta de investimento do governo Federal às universidades estaduais. “Estas instituições têm, 44% das vagas de ensino superior do interior do país e a União praticamente não fornece ajuda financeira”, reclama.
Já a Unic, acabou na 140ª posição do ranking com nota total de 18,32 pontos. Por meio de nota, a reitoria da universidade comemorou ter sido a única universidade particular do Estado a ser inserida no levantamento.
Destacou, no entanto, que a base para elaboração do ranking foi o Censo da Educação Superior de 2010 e que, no ano passado, a universidade alcançou resultados melhores, em avaliações do Ministério da Educação (MEC), do que os levados em consideração.
Além das indicações de pesquisadores do CNPq e o número de patentes, o estudo avaliou a proporção de professores com doutorado, o número de artigos científicos por docente e a preferência em um processo de contratação por egressos das universidades avaliadas para 1.212 diretores ou gerentes de recursos humanos de empresas brasileiras.