Um relatório da Polícia Federal em Cáceres (MT) aponta um volume de apreensão de cocaína de 2.596 quilos, e ainda, 1.113 quilos de maconha que também foram apreendidos no período entre janeiro a dezembro do ano passado, gerando 76 prisões em flagrantes. Esses números são resultantes de ações das forças de segurança no município, como o Grupamento Especial de Fronteira, a Policia Rodoviária Federal e a Policia Militar.
Um outro relatório, elaborado pelo Grupo Especial de Fronteira, aponta quantias vultosas de apreensões de valores, em moedas norte-americana e nacional. Entre os anos de 2013 até dezembro do último, U$ 2.188.460,00 (dólares) enquanto que na moeda nacional foi apreendido R$ 1.885.190,00. Esses valores, de acordo com avaliação de autoridades da área que atuam na segurança da fronteira, são decorrentes de transações ilícitas e seriam empregados para financiamento e aquisições de armas e principalmente drogas, que seriam introduzidas em Mato Grosso, via San Mathias.
As ações principalmente do Grupo Especial de Fronteira e da Policia Rodoviária Federal tem inibido as incursões de membros de organizações criminosas nesta região. Todavia, as autoridades ligadas a essas duas instituições admitem os avanços, mas, ponderam que ainda não tem sido o ideal, por ausências de estruturas e de efetivo (pessoal).
A malha rodoviária que dá acesso ao território boliviano é riscada com centenas de estradas vicinais, sendo que praticamente todas elas dão vazão diretamente à fronteira. Os traficantes, já há algum tempo, estão empregando jovens com motos e bicicletas para efetuar o transporte de grandes quantidades de drogas, que ficam estocadas em matas até completar a carga para serem transportadas para outros centros consumidores. Essas “varações” como eles denominam, em geral ocorrem durante à noite e madrugadas, numa tentativa de fugir das barreiras móveis de policiamento. “Quanto mais nós apertamos o cerco, mais eles aperfeiçoam com objetivo de escapar da fiscalização”. Observa um dos policiais lotados no Gefron.
A audácia dos traficantes é tanta que um peão de uma das fazendas situadas na região do “Zeca Lemes” barrou dois motoqueiros que faziam “varação” pela fazenda em que trabalhava. Noutra semana recebeu ameaças de morte contra si e sua família. Resultado teve que abandonar o emprego para preservar a sua vida e de seus familiares. Esse trabalhador esta residindo numa outra região distante da fronteira.
De acordo com o atual comandante do Gefron, Tenente-Coronel Joanildo Assis, para este ano, a atuação do Gefron será reforçada com entrada de novos policiais ao quadro. E ainda, com os investimentos em viaturas, armas e equipamentos de comunicação, que segundo ele, permitirá ampliar a área vigiada. Mato Grosso tem 780 quilômetros de fronteira com a Bolívia.
Ainda assim, a o policiamento de fronteira está muito aquém do necessário. Os traficantes da região têm investido em tecnologia, como óculos de visão noturna para navegar à noite nos rios Jauru e Paraguai, drones para monitorar postos de fiscalização móveis, binóculos eletrônicos e bloqueadores de sinal de rádio. Em contra partida, os policiais se dão por satisfeitos quanto tem viatura e combustível para patrulhar. Apoio aéreo é um sonho que parece distante.
A delegacia da Policia Federal em Cáceres, conta com razoável número de agentes investigadores, escrivães e delegados. Além da missão de coibir a introdução de drogas e armas na área de fronteira, os agentes federais de Cáceres são deslocados para outras tarefas como autuar garimpos ilegais, extração de madeiras em áreas indígenas e ainda atuam em apurações de crimes nas esferas públicas em eventuais desvios de recursos federais em convênios com as prefeituras.
Sendo ainda atribuição da PF o controle na emissão de passaportes e registros de entradas de estrangeiros através da fronteira com San Mathias (Bolivia ).
Do montante de drogas apreendidas e suspeitos presos, a PF efetuou as lavraturas de todos os flagrantes.