O Inquérito Policial Militar envolvendo a tenente Izadora Ledur, investigada por submeter o aluno soldado Rodrigo Patrício Lima Claro a sessões de tortura, originou em mais sete novos procedimentos que devem apurar outras condutas dos envolvidos no episódio com o aluno. A confirmação é do comandante geral do Corpo de Bombeiros coronel BM Júlio Cezar Rodrigues. O coronel afirmou ainda que as denúncias apontadas de sessões de tortura em treinamento do Corpo de Bombeiros colocam “em cheque” todo o sistema de ensino. Uma fiscalização mais rigorosa nos treinamentos deve ser adotada pela corporação para evitar novos casos.
O comandante explicou que foi identificado na solução do inquérito crime militar contra dever funcional praticado pelo tenente coronel Marcelo Augusto Reveles e tenente coronel Licínio Ramalho Tavares por não propiciarem todas as condições de seguranças necessárias aquela instrução. Já a tenente Ledur foi apontado o crime contra a vida e saúde. “Entendeu se por crime de maus tratos que é expor a vida e saúde de outro a situação de risco. Mas a palavra final é da promotoria que pode entender até pela prática de outro crime. Não há de se falar de homicídio por não haver elemento de probalidade ligando a conduta do agente ao resultado morte. Isso é provado por laudo técnico e o laudo entregue pela Politec não apontou”, disse.
Rodrigues frisou ainda que todos os procedimentos feitos pelos envolvidos que extrapolaram normas legais serão apurados e que novos procedimentos serão abertos. Segundo o coronel a sanção na esfera administrativa deve sair em até 30 dias, mas na esfera criminal depende do tempo da denúncia ser oferecida pelo Ministério Público e da Justiça acolher. Caso condenada, a tenente Ledur pode sofrer procedimento demissionário, inclusive na apuração disciplinar.
“Todo sistema de ensino foi colocado em cheque há muitas pessoas fazendo juízo que nas instruções práticas do Corpo de Bombeiros as pessoas estão sendo submetidas a castigo físico. Não podemos generalizar condutas individuais aparentemente fora do projeto político pedagógico de ensino enquanto o sistema da corporação não permite isso. O problema não foi de ementa, nem de currículo, mas de conduta individual e administrativa de alguns agentes. Assumiram determinado risco em determinado momento”, ressaltou.
O comandante Rodrigues apontou ainda quanto a forma de conduta, deve-se aumentar a vigilância e aumentar o monitoramento para que isso não ocorra. Já quanto a outras denúncias de excesso, inclusive envolvendo a tenente Ledur, o comandante afirmou que há pessoas que confundem procedimentos rígidos com atentar a saúde, contra a integridade física. “Teve relatos de que estava havendo excessos, mas foi apurado e não encontrou materialidade, fato que a tenente continuou a frente”.
Quanto à morte de Rodrigo Claro, o comandante disse que está sendo dado todo suporte no sentido de elucidar o caso. Ressaltou ainda que lamenta a morte de Rodrigo e entende a dor dos familiares, entende que a família não aceite prognóstico feito de maneira técnica, mas não pode fazer justiça com as mãos e tem que transcorrer dentro das normas formais.
O caso - Rodrigo morreu no dia 15 de novembro após participar de um treinamento do Corpo de Bombeiros. O inquérito foi aberto após ser apontada pela família de Rodrigo que a tenente teria submetido o aluno a sessões de torturas psicológicas e até físicas com afogamento. A família afirma que Claro teria passado mal após uma sessão de afogamento provocado pela oficial que causou aneurisma o levando a morte alguns dias depois. O aluno teria passado mal após o treinamento e ainda não recebeu qualquer suporte da equipe, foi pilotando até uma policlínica. De lá foi transferido para um hospital particular onde dias depois morreu. ali