Gás sobre 9,5% em MT
Por Diário de Cuiabá
13/09/2012 - 10:54
A partir deste final de semana é provável que o consumidor comece a pagar mais caro pelo botijão de gás de 13 quilos. A alta no preço final do Gás Liquefeito de Petróleo deve variar entre 7,5% a 9,5% no Estado, o que em valores representará até R$ 5 a mais pelo produto. A notícia chega alguns dias após o anúncio de alta sobre o consumo de energia, cujo reajuste médio, aplicado pela Cemat aos mato-grossenses será de 9,5%. O ‘Setembro Negro’ do consumidor mal começou e duas fortes altas sobre produtos de primeira necessidade poderão fazer a diferença no orçamento a partir de agora.
Numa pesquisa realizada na tarde de ontem pelo Diário, o GLP entregue em domicílio em Cuiabá e Várzea Grande varia de R$ 49 a R$ 55, tendo médias entre R$ 50 e R$ 52. Num exemplo simples, quem pagou nesta semana R$ 52, poderá pagar após um incremento de 9%, mais R$ 4,68, o que elevaria o botijão para R$ 56,68. Desde a última segunda-feira, algumas distribuidoras acrescentaram de R$ 1 a R$ 2 sobre o valor levado às revendas.
Para amenizar o impacto - que será diferente entre as distribuidoras, devido às planilhas de custos que são individualizadas para cada marca – os revendedores sugerem que o consumidor vá até à portaria das empresas e compre o botijão, evitando o delivery. Essa opção, segundo os revendedores, vai baratear o preço ao consumidor, já que a compra elimina o adicional da entrega que equivale a quase aos R$ 5 de alta.
Informada sobre a alta, a diarista Luciane Nunes, ficou assustada e disse que ia dar um jeito de comprar um botijão de reserva para adiar o impacto sobre o seu bolso. “Vai ficar ainda mais caro?”, questionou.
Conforme o segmento revendedor, o repasse de altas e custos vindos das refinarias e distribuidoras chegou no limite de comprometimento da margem de lucro e o repasse para o preço final torna-se imprescindível. “Esse é o primeiro aumento do ano e ele surge, à primeira vista, pesado. No entanto, ao longo dos últimos meses viemos absorvendo e protelando o repasse ao consumidor e agora, além de altas correlatas, como a do óleo diesel há mais de um mês, tem a da energia, temos uma inflação acumulada em 7% nos últimos 12 meses e agora chegou a vez dos acordos coletivos das distribuidoras e dos revendedores”, argumenta o assessor jurídico do Sindicato dos Revendedores de Gás do Estado de Mato Grosso (Siregás/MT), Eduardo Souza. Hoje, pela manhã, o Siregás está reunido com os funcionários das empresas associadas para homologar o percentual de reajuste co acordo coletivo estadual. “Por isso, ainda não temos um percentual exato de alta ao consumidor final. Cada revendedor está fazendo suas contas e o que sabemos é que a alta deve ficar entre 7,5% a 9,5%. O que queremos é antecipar o que está para acontecer ao consumidor e esclarecer os motivos da majoração”, reiterou Souza.
MAIS CUSTOS - Outro fator, que segundo o Siregás, vai corroer as margens é a regulamentação da profissão de motoboy, que entrará em vigor em fevereiro do ano que vem, mas desde já, requer investimentos em equipamentos e capacitação de mão-de-obra. Como explica Souza, o transporte de água e botijões não será mais permitido em motos. Quem quiser continuar com a opção de entrega em domicílio (delivery) terá de adotar o ‘Side Car’, uma espécie de carroceria lateral acoplada a moto que tem custo de cerca de R$ 4 mil, como informa o Sindicato.
“Esse investimento obrigatório vai encarecer a entrega e aumentar o tempo de espera do consumidor pelo botijão ou pela água. Fora isso, será necessário outros equipamentos de segurança e a capacitação do motoboy, esse último, poderá provocar escassez de pessoal e certamente, tudo isso, impactará no custo de entrega. Por isso estamos, como forma de utilidade pública, não apenas explicando os motivos da alta, mas também querendo incentivar o consumidor a vir buscar seu GLP na portaria das empresas para evitar novos adicionais ao preço final”.
INDIGESTO – O preço do GLP em Mato Grosso segue há anos como o maior do Brasil. Conforme a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) o preço médio é de R$ 48,34 e com máxima de R$ 54, valores que superam as médias apuradas pela Agência no Norte do país, por exemplo. O segmento refuta o rótulo e frisa que o GLP tem transporte 100% rodoviário e que a distribuidora mais próxima está no estado de São Paulo, a mais de 1,8 mil quilômetros de distância.
O Siregás/MT é formado por cerca de 750 revendas autorizadas pela ANP e juntas geram cerca de 3,7 mil empregos diretor. A maior parcela delas é considerada de pequeno e médio porte e empregam até cinco trabalhadores. A classificação atende à capacidade de armazenagem, classe 1 a 6, que vai de até 40 a 7 mil botijões.