Entre 2013 e 2016, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (SENAR-MT) capacitou mais de 900 pessoas que se declararam da etnia indígena. Destes, cerca de 600 fizeram um treinamento, mas pelo menos 240, fizeram dois tipos de capacitação. Alguns chegaram a fazer 10, 12 e até mesmo 14 treinamentos ofertados pela instituição em parceria com os Sindicatos de Produtores Rurais e outros parceiros.
Somente nos últimos 16 meses foram capacitadas 102 pessoas que se declararam indígenas. Neste mesmo período, o SENAR-MT ofertou mais de 1.600 vagas para os indígenas. Desde 2016, a instituição levou capacitação nas mais diversas áreas para dezenas de aldeias. Dentre elas, a dos Bororros, em Rondonópolis, Aldeia Pastana Ydja Juruna/Kapõt Whinõre, em Confresa, DSEIKAYAPÓ MT, em Colider e várias outras.
No último mês de maio, 15 jovens indígenas, da aldeia Capoto Jarina, localizada no município de Peixoto de Azevedo, a cerca de 700 quilômetros de Cuiabá, concluíram o treinamento de manutenção de tratores. O cacique Yobal Metuktire conta que o treinamento ofertado pelo SENAR-MT é importante para capacitar os jovens. “Eles precisam estar preparados para operar as máquinas e equipamentos agrícolas utilizados pela comunidade em suas funções do cotidiano”.
As lideranças indígenas da Aldeia Capoto Jarina solicitaram os treinamentos por meio do Instituto Raoni e da Fundação Nacional do Índio (Funai) junto ao SENAR-MT. Antes mesmo de terminar o treinamento da área de máquinas e implementos agrícolas, representantes da comunidade já solicitaram outros cursos.
A ideia é levar conhecimento para que os indígenas possam produzir seu próprio alimento. E, assim como disse o cacique Yobal Metuktir, fazer a manutenção correta dos equipamentos e até utilizar e armazenar de forma adequada os alimentos.
Assim como o município de Peixoto de Azevedo, pelo menos mais 10 outros municípios já levaram treinamento para a aldeias indígenas. Em Confresa, o SENAR-MT junto com os e parceiros já realizaram treinamentos de apicultura, fruticultura, olericultura básica, cultivo de abacaxi e manutenção de tratores, que está entre os mais demandados pelos indígenas.
Depois de participar de vários cursos do SENAR-MT, Eldonson, da Etnia Parecis, que vive em Campo Novo do Parecis se tornou responsável pelas máquinas e equipamentos agrícolas da comunidade onde vive. "Me sinto capacitado para cuidar e orientar meu povo sobre como ‘lidar’ com os equipamentos".
A demanda que chega das aldeias indígenas é bem diversificada. Na lista de solicitação de treinamentos tem identificação de plantas medicinais, produção caseira e conservas vegetais, compotas, frutas cristalizadas e desidratadas, jardinagem e até corte de costura e pintura em tecidos.
Eles também têm solicitado treinamentos de Instrução Normativa (IN-62), Normas Regulamentadoras (NR-12) – segurança no trabalho – máquinas e equipamentos. Reflorestamento para recuperação de área degradada, cultivo de mandioca e operação de ordenhadeira mecânica também fazem parte da lista.