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Cáceres:Médico acusado de violência no parto será indiciado por óbito e agressões
Por A Gazeta/Keka Werneck
14/07/2017 - 18:31

Foto: arquivo

Delegado Alex Cuiabano, de Cáceres (225 km a oeste de Cuiabá ), finaliza hoje (14) o inquérito do caso de violência obstétrica, envolvendo o médico Jarbes Balieiro Damasceno, e confirmou que vai indiciá-lo.
Informações preliminares são de que serão imputados ao médico crimes de homicídio culposo, pela morte do recém-nascido, e lesão corporal, pelas agressões à mãe.

O médico, natural de Manaus (AM), mas que atua em Cáceres há 30 anos, fez o parto da dona de casa Rosa Maria Martins Pires, 27, dia 29 de maio deste ano, no hospital São Luiz.

Após o óbito do bebê, Rosa e o marido, Roni Willian do Couto, 30, registraram boletim de ocorrência. Com a finalização do inquérito, será mais um processo contra este médico no Judiciário de Cáceres, onde já tramitam pelo menos 2.

Ele é acusado ainda por tentativa de homicídio e lesão corporal em outro inquérito também prestes a ser concluído pelo delegado de Cáceres. Neste caso, o bebê não morreu mas nasceu com ferimentos e o braço fraturado. A vagina da mãe foi rasgada na hora do parto.

Um mês e 15 dias após o parto de Rosa, o estado de saúde físico e emocional dela ainda está abalado. Ela sente fortes dores abdominais.

Ontem (13) à tarde, consultou um clínico geral particular e pagou R$ 300. “Informou que minha mulher está com muito sangue no bucho, hemorragia, resultado da cesariana mal feita”, relata o marido, que é eletricista e sitiante. O casal mora na comunidade do Facão. “Vou vender uns gados para mexer com os exames dela, porque hoje em dia, todo dinheiro que faço é para pagar remédio. Mulher não está bem”, lamenta.

Roni relata que, psicologicamente, Rosa ficou estranha após a morte do bebê e o trauma no parto. “Peguei ela dando banho em boneca umas duas vezes e conversei com ela. Falei meu bem, isso é boneca, não é bebê, nosso bebê morreu, mas temos nossas crianças”, detalha Roni, se referindo aos filhos do casal, de 2 e 4 anos. “Ela chorou, mas parou com isso”.

Nas madrugadas, a mulher chora. Não se sabe se de dor emocional, física ou as duas. Chora inclusive escondida.

No inquérito, o delegado ouviu mais de 20 testemunhas, equipe médica e o próprio obstetra Jarbes Balieiro.

O delegado insiste em colocar nos inquéritos os crimes previstos em lei, como homicídio, tentativa de homicídio e lesão corporal, mas também violência obstétrica, embora esta tipificação não conste em lei vigente.

Afastado

O médico obstetra Jabes Balieiro Damasceno continua afastado do hospital São Luiz, em Cáceres, onde realizou partos que acabaram virando casos de polícia, como o da dona de casa Rosa.

Diretor da unidade, Mário Kaoru informa que já contratou outra empresa para prestar serviços obstétricos. Mas só vai tomar uma decisão definitiva, pelo desligamento ou não de Balieiro, após sindicância que tramita sob sigilo no Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT).

A sindicância, aberta dias após o caso vir à tona e repercutir na imprensa local e nacional, tem prazo de 180 dias regimental para ser concluída, podendo ser ampliada, caso o Conselho julgue necessário. Rosa fez o pré-natal no Posto de Saúde rural de Cáceres. A gestação foi normal, sem intercorrências.

Ela deu entrada no hospital São Luiz sentindo dores. Dentro da unidade, diz ter vivido momentos de terror.

“Empurraram minha bebê para dentro quando ela já estava saindo, depois forçaram minha barriga no centro cirúrgico, até a criança sair à força, não é certo isso, sinto até hoje dores em todo o corpo”, lamentou, dias após o parto.

A violência obstétrica teria resultado na abertura de pontos de cesariana anterior e que, na última cirurgia, não foram recompostos.

Além disso, Rosa não sente vontade de urinar, precisa ficar sentada no vaso sanitário forçando. A suspeita é de que esteja com problema renal.

A reportagem conseguiu apurar pelo menos 4 casos, como o de Rosa, em Cáceres. Outra mãe, que é estudante, relatou que, no dia 5 de novembro do ano passado, entrou em trabalho de parto. Às 14 horas, segundo ela, o médico estourou a bolsa com as mãos, na maior brutalidade, e a fez esperar até 17h30 sentindo dores e ouvindo comentários ofensivos.

4 mulheres acusam obstetra por 'terror' no parto

Ela deu entrevista chorando e diz que, depois do que passou, não é mais a mesma pessoa.

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