Grupo com o javali morto, em fazenda no interior do Estado
No meio da madrugada, um grupo de cem javalis avança em alta velocidade pelo interior de Mato Grosso. Com animais de até 250 kg, a manada para apenas ao encontrar um local onde possa saborear com calma as espigas.
O rastro de destruição deixado pelas excursões noturnas dos mamíferos causa prejuízo aos agricultores. O problema não é novo, mas se agravou nos últimos anos, de acordo com a associação local do setor. O Estado é o maior produtor de milho do país.
"Eles atacam as plantações durante a noite, causando um estrago imenso. Ao passar correndo, eles derrubam os milhos, e a máquina de colheita não consegue chegar até esses milhos. O prejuízo é muito grande", diz Roseli Giachini, diretora da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso.
A entidade não contabiliza os casos, mas, devido ao aumento do problema, planeja começar a fazer isso a partir da próxima safra.
O produtor rural Guilherme Scarton, que mora em Campo Verde (130 km de Cuiabá), diz que já teve prejuízo de quase R$ 150 mil em 2017 com os animais. "Estou gastando R$ 50 mil para colocar cerca em 85 hectares para ver se diminui os danos", afirma.
O produtor rural Mário Wolf, de Nova Canaã (550 km de Cuiabá), diz que já perdeu até 30% de sua plantação com os ataques dos javalis e que mesmo a instalação de cercas não resolve. "Os javalis pulam e fazem o estrago."
Ele diz que a solução atual é tentar espantar os animais à noite. "O que fazemos para tentar afastá-los é soltar fogos à noite e andar de moto pelas plantações. Coloco um funcionário só para sair de moto para espantá-los."
"Esse animal não é da nossa fauna, vem se reproduzindo e causando danos ao ambiente e aos produtores. Ainda vão trazer doenças nocivas", afirma Ederson Viaro, produtor rural de Lambari D'Oeste (315 km de Cuiabá).
Viaro é um das 247 pessoas autorizadas pelo Ibama no Estado para caça dos javalis. No país, há cerca de 20 mil caçadores cadastrados do animal.
O Ibama planeja divulgar ainda neste ano um plano de controle, prevenção e monitoramento dos javalis.
A caça é liberada porque a espécie não é um animal silvestre e, por isso, não tem predador natural. Ele foi trazido ao país por produtores que pretendiam vender sua carne, ainda nos anos 1990. Como a iniciativa não deu certo, muitos locais de criação fecharam, e os animais foram soltos e se reproduziram.