Diario de Cáceres | Compromisso com a informação
Intolerância
Por por Renato Nery
08/11/2017 - 12:25

Foto: arquivo

Na semana passada foi noticiado que o Governo do Estado de Mato Grosso mandou trocar os nomes do Senador Filinto Muler e do ex-presidente da República Humberto de Alencar Castelo Branco de duas escolas públicas do interior do Estado. 

Isto ocorreu, conforme a imprensa local, como base em Inquérito Civil, aberto pelo Ministério Público - após processo administrativo no Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar (CDCes) e, em seguida se ouviu a comunidade para deliberar sobre um novo nome - com fundamento na Lei Estadual de n. 10.343 de 01.12.2015, que resultou em dois Decretos do Poder Executivo determinando as trocas de nomes que já se efetivaram.

Motivo: os referidos personagens históricos teriam sido considerados como participantes de crime de lesa-humanidade, tortura e violação de direitos humanos (artigo 2º da Lei n. 10343/2015). 

Enfim, instaurou-se um “Tribunal de Nuremberg Cabloco” e colocou-se no “Index” a honra e a dignidade de personagens históricos. Se a moda pega estar-se-á em macha um macabro revisionismo, onde se “linchará”, à revelia e a moda nazista ou soviética, outros personagens históricos. Motivos não faltarão para as forças do revanchismo, a seu talante, destilar o seu ódio e a sua fúria contra quem for tido como indigno. Vão reescrever a história!

Se a devassa desta “Revolução Cultural Cabloca” continuar - vão ser pregados na cruz da intolerância outros personagens e inúmeros prédios públicos, logradouros (ruas, avenidas, praças, jardins, passeios públicos, rossios e bustos)  serão alcançados pela sanha injustificada deste expurgo, expondo o Estado de Mato Grosso ao ridículo, como se não bastasse a catarse provocada pelo campeonato nacional de corrupção de que somos vítimas. Enfim, a barbárie!

Espero que aproveitem a oportunidade e levem para a fogueira os deputados autores da malfadada lei que foram gravados recebendo propinas.

É uma tarefa temerária, destes precursores do revisionismo, se arvorarem de censores da história. Se este ou aquele personagem tem ou não mérito ou defeito é função de história, após o passar inexorável do tempo, verificar. O melhor a fazer é rever o mal feito e passar a cuidar de tantas outras coisas urgentes que esperam por iniciativa, decisão e execução.  

Renato Gomes Nery é advogado em Cuiabá- E-mail – rgnery@terra.com.br

 

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