Um pedreiro morreu, supostamente, por falta de atendimento, no interior do Hospital Regional, em Cáceres. A denuncia foi feita pela esposa da vítima a professora Maria Inês Almeida. Um médico teve que registrar Boletim de Ocorrência na polícia para que a sua paciente, uma senhora de 76 anos, com fratura no braço pudesse ser atendida. A anciã Ivanilda Medeiros, 78 anos, com fratura no fêmur, não conseguiu vaga no hospital. A família foi obrigada a pagar cerca de R$ 20 mil em tratamento particular no Hospital São Luiz.
Essas são algumas de uma série denuncias que vão desde falta de equipamentos, omissão de socorro e até morte de paciente por falta de atendimento no interior do hospital, nos últimos dias. Em Nota a direção do hospital diz que está fazendo um levantamento de cada caso apresentado e encaminhará, assim que concluído, um relatório à redação do jornal. Quanto à questão da falta de material, diz que já foi resolvida com uma compra emergencial, sendo que outra compra já está sendo feita para garantir estoque de material de higiene e limpeza e insumos por 90 dias. Veja no final da reportagem.
A morte do pedreiro Antônio Roberto Ferreira de Almeida, 52 anos, ocorreu no dia 7 de novembro. Por a família residir em Glória D´Oeste, somente agora o caso se tornou público. De acordo com a esposa, ele foi encontrado por outro paciente, desacordado, no banheiro do hospital. A professora Maria Inês, diz que a informação foi passada pelo médico Guilherme Grassane, que o teria atendido. “O próprio médico disse que ele foi encontrado por outro paciente caído no banheiro. Ele diz que tentou reanimá-lo, mas não conseguiu”.
De acordo com a esposa, Antônio Ferreira teve começo de infarto no dia 6 de novembro, em Glória D`Oeste. Ele teria sido levado às pressas para um hospital de Mirassol D´Oeste. E, posteriormente, para o Hospital Regional. Ela diz que o último contato com o esposo foi por volta das 23h. E, que a informação no hospital é que ele teria ido a óbito por volta das 6h da manhã do dia 7. Maria Inês diz que não acredita na versão do médico no que diz respeito a reanimação.
“Eu não posso afirmar. Mas, não acredito que ele tentou reanimá-lo. No corpo não havia nenhum sinal. O meu marido certamente já estava morto há várias horas, quando ele foi encontrado por outro paciente, no banheiro. Ele morreu a mingua dentro do hospital. Quando chegamos, por volta das 8h, o corpo já estava congelado” conta afirmando ainda que, além da suposta negligência e omissão de socorro, o hospital sequer informou que o paciente estava morto. ”Só soubemos da morte depois que ligamos para saber como ele estava”.
A esposa da vítima diz que já denunciou o fato a Ouvidoria do hospital e ainda nesta semana estará denunciando também no Ministério Público. “Eu sei que denunciar não vai trazer o meu marido de volta. Mas vai evitar que outros casos como esse aconteça. Essas pessoas tem que ser responsabilizadas civil e criminalmente”.
Médico registra B.O para paciente ser atendido
Só depois de registrar um Boletim de Ocorrência Policial, o médico de São José dos IV Marcos, Cleyton Thiago Melo de Oliveira, conseguiu a internação de sua paciente a viúva Belânia Pereira dos Santos, 76 anos. O caso aconteceu no dia 18 de novembro. A comerciante havia fraturado o braço em uma queda.
De acordo com o B.O, após medicar a paciente, o médico fez várias ligações para o setor de regulação para internação. Sem conseguir ele teria ligado para um enfermeiro do hospital que se identificou como Mizael. Oportunidade em que foi informado que ele até poderia mandar a paciente, mas ela não seria atendida porque não havia leito.
Diante da gravidade da situação da paciente, ele a encaminhou, mesmo sabendo da dificuldade. Ao ser barrado na portaria do hospital, ele mesmo tomou a iniciativa de procurar a polícia. Após registrar a ocorrência e apresentar no hospital a paciente foi atendida.
Idosa que fraturou o fêmur teve que pagar tratamento particular
A família da idosa Ivanilda Medeiros, 78 anos, teve que se sacrificar para desembolsar cerca de R$ 20 mil para pagamento de cirurgia particular no Hospital São Luiz. O caso aconteceu no dia 31 de outubro. De acordo com familiares, a idosa teria sofrido uma queda e fraturou o fêmur. De imediato ela foi conduzida para o Hospital Regional.
Assim como em vários outros casos, não foi possível fazer a internação para o procedimento cirúrgico por falta de regulação. Diante da gravidade da situação a família, não teve alternativa, levou a idosa para fazer a cirurgia no hospital São Luiz, tendo que desembolsar cerca de R$ 20 mil.
Falta de equipamentos
Além de denuncias de supostos descasos e omissão de socorro, representantes da área de saúde dos municípios da região de Cáceres, também denunciam a falta de equipamentos e medicamentos no Hospital Regional.
“Vamos nos reunir com a direção para saber da real situação do hospital. A maioria dos pacientes é mandada de volta porque não estão fazendo Raio-X, mamografia, ressonância. A informação é que os aparelhos estão quebrados” diz a secretária de Saúde de Gloria D´Oeste, Daiane da Silva Teodoro.
“Em vários casos, inclusive de pacientes com fraturas, os atendentes do hospital colocam uma tala e mandam de volta porque dizem que a aparelhagem está quebrada” completa a secretária de Saúde de São José dos IV Marcos, Taionara Cristiane da Silva.
O prefeito de Comodoro, Jeferson Gomes diz que a situação do hospital está insustentável. “Chegaram ao ponto de mandar paciente com fratura exposta de volta para o município. A situação do Hospital Regional está insustentável. Não tem nem papel higiênico nos banheiros”. O paciente Edson Martins dos Santos, disse que interrompeu o tratamento de câncer por falta de medicamento no hospital.
NOTA:
A direção do Hospital Regional de Cáceres está fazendo um levantamento de cada caso apresentado e encaminhará, assim que concluído, um relatório à redação do jornal. Não foi possível concluir nesta manhã de sexta-feira, quando recebemos a demanda, porque recebemos uma equipe da ONU, porém reiteramos que estamos à disposição para todos os esclarecimentos.
Quanto à questão da falta de material, já foi resolvida com uma compra emergencial, sendo que outra compra já está sendo feita para garantir estoque de material de higiene e limpeza e insumos por 90 dias.
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) e a direção do HRC está tomando as providências possíveis para garantir os atendimentos de urgência e emergência, lembrando que retomou a gestão da unidade pela desistência da Congregação de Santa Catarina e dos prefeitos da região.