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Viver dói
Por por Cristhiane Ortiz
18/08/2018 - 11:30

Foto: arquivo

Viver dói, conforme vamos vivendo, vamos sentindo, ora acumulando dores, ora superando, podemos afirmar que viver sem sentir dor é impossível. Desde que nascemos sentimos dor, quando viemos para este mundo, e saímos do útero, sentimos o frio, por abandonarmos o conforto do ventre, e cortado o cordão umbilical.

Existem todo tipo de dor, as físicas como as primeiras cólicas, a dor de ouvido, a dor de cabeça, a dor estúpida de bater o dedão ou dedinho no pé do sofá, a dor de cotovelo, e as dores emocionais, talvez sejam as que causem mais estragos, mas enfim vamos crescendo, sentindo e suportando dores, “efeitos colaterais de se estar vivo.”

Asssim vamos vivendo e aprendendo a controlá-las, às vezes conseguimos preveni-las, mas quase sempre nós é quem a atraímos, apesar de nosso instinto nos avisar de que vamos nos machucar, como os amores impossíveis, aqueles que sabemos que nunca darão certo, mas mesmo assim preferimos vivê-los, ”que seja eterno enquanto dure”,” relembrando o compositor Toquinho

Por céus e mares eu andei

Vi um poeta e vi um rei

Na esperança de saber o que é o amor

Ninguém sabia me dizer

E eu já queria até morrer

Quando um velhinho com uma flor assim falou

 

O amor é o carinho

É o espinho que não se vê em cada flor

É a vida quando

Chega sangrando

Aberta em pétalas de amor

 

Como dizem os românticos (me incluo),triste é não ter amado, chato é não ter vivido um grande(ou pequeno) amor, que não pode ser medido com fitas métricas, um amor mesmo os que nos feriram, deixaram lembranças, boas, outras nem tão boas assim, mas talvez seja melhor do que olhar para trás e não ter do que se recordar. Acredito que a dor está presente até mesmo na alegria, que nunca é completa, e assim vamos aprendendo a guardá-la, escondê-la, esquecer a gente não consegue, ela sempre retorna, mas vamos amortecendo com remédios, terapias como passatempos, programas com os amigos, e a família, senão fica impraticável atravessar os dias.

Como avaliar a dor, se o que me dói, é só meu ? A dor do outro não me pertence, logo, não pode ser maior que a minha, a não ser que tenhamos a consciência de que vivemos num único universo, ainda que meu mundo não vá além do muro de meu condomínio, de minha casa, mas a energia que desprendemos, sempre retornará. “Tudo que você faz, um dia volta para você.” Oremos!

Lembro-me que um amigo me disse uma vez que a maior dor do mundo é uma mãe arrumar um quarto do filho que já partiu! Essa dor talvez seja a que as mães pedem em suas orações diárias

para que nunca aconteça, é a que sempre pedimos clemência a Deus, afinal não somos preparados para perder filhos, a ordem natural é que os pais vão primeiro, e não o contrário.

O certo é que sempre temos algo para lamentar, algo que se perdeu, um amor, uma amizade, um sonho desfeito, verdades que aparecem, desenganos, decepções, e o que é pior, (com a gente mesmo), uma briga, um amigo que parte, um animal que perdemos, uma doença, viver não é brincadeira,não !

O importante (e difícil) é saber conviver com a dor, para cada tristeza existe um tempo, um luto necessário, tempo certo para curar, ou pelo menos aprender a conviver, ou se permitir viver, apesar de, sem culpa, assumir nossa responsabilidade, e nos perdoar, aceitar que nem tudo está sob nosso controle, inclusive nossos sentimentos, para isso é melhor contar com a ajuda de quem confiamos. E depois, sonhos não envelhecem, nós sim, mas sonhos podem adormecer e mais tarde quem sabe, caso “a indesejada não nos chegue”, poderemos sorrir novamente, ao poder enxergar a curva de um rio, a beleza do mar, um pôr do sol, ao escutar uma música que nos lembre um bom momento.

Haverá situações em que envergonharemos ao entender que existem dores bem maiores que as nossas, problemas que talvez nunca conseguiríamos suportar, pessoas que vivem com tão pouco, e ainda assim conseguem sorrir, sonhar com um mundo melhor, ainda que a caridade lhes seja necessária.

Mas a despeito das noites traiçoeiras, e dos dias em que desejaremos não ter nascido, apesar de todos os problemas que a vida nos apresente é imprescindível viver, até porque só poderemos viver uma vida de cada vez, afinal a vida é sua e de mais ninguém! Apesar das coisas ruins que nos aconteçam e de situações que mutuamente nos magoem e nos causem dor, “a vida é bonita, é bonita, demais.”

 

Cristhiane Ortiz Lima é graduada em Letras na Universidade do Estado de Mato Grosso.

Mestranda em Linguística na Universidade do Estado de Mato Grosso.

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