Embora seja um dos modais de transporte mais viáveis no mundo, por uma série de fatores, principalmente, pela economia, levando em conta que o valor do frete, pode chegar a até 60% mais barato que, o transporte pela rodovia, à hidrovia Paraguai/Paraná, através do porto de Cáceres, está desativada há quase uma década. Apesar de dispor de dois terminais – um público e outro privado -, há mais de 10 anos, não se realizada um único embarque de cargas nos terminais. O último carregamento ocorreu em fevereiro de 2009.
Enquanto os equipamentos dos terminais se enferrujam na estrutura a margem do rio, a produção de milhares de toneladas de grãos, principalmente, soja, milho, trigo e algodão, além de madeiras a maioria produzidos na região da chamada Grande Cáceres, composta por 23 municípios do Oeste do Estado, são transportados em centenas de caminhões, milhares de quilômetros até chegar aos portos de Santos ou Paranaguá, estado de São Paulo, deteriorando asfalto, castigando ainda mais as já surradas rodovias.
A posição geográfica da hidrovia é estratégica. Ela começa em Cáceres,atravessa 4.122 quilômetros até Nueva Palmira, no Uruguai. É uma via fluvial que percorre cinco países: Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai, passando pelas cidades de Corumbá-MS e Assunção, capital do Paraguai. De toda a extensão da hidrovia, 1.270 quilômetros passam por território brasileiro ou por suas fronteiras, sendo 890 km no interior do Mato Grosso do Sul, 48 km na fronteira com a Bolívia e 332 km na fronteira com o Paraguai.
De acordo com o auditor Fiscal Federal Agropecuário aposentado do Ministério de Agricultura, Natanael Ferrarezi, entre os anos de 2003 a 2009, foram transportados milhares de toneladas de grãs por esse modal.
Com destaque para o ano de 2006, quando desceu pelo rio, em várias barcaças 206 mil toneladas de grãos, especificamente, soja, milho e farelo de soja. O que proporcionou um ganho de U$ 36 milhões na balança comercial. Gerando além de divisas para o país, estado e município, centenas de postos de trabalho direta e indiretamente.
A desativação dos terminais ocorre por vários fatores, entre eles a questão burocrática pela falta de ação política. Mesmo, a concessão pública do terminal seja do Estado de Mato Grosso, os últimos governos, não deram lá muita importância ao transporte pela hidrovia.
O engenheiro Adilson Reis, especialista no ramo, diz que para operacionalidade do terminal portuário serão necessárias várias ações: desde renovação de licenciamento ambiental, processo de prevenção e combate a incêndio e pânico junto ao Corpo de Bombeiros, o cumprimento de Normas do SPU (Patrimônio da União), Processo de Alfandegamento junto à Receite Federal, licenciamento junto à Agência Nacional de Transportes Hidroviários-ANTAQ, entre outros.
Francis reivindica a concessão do porto e distrito indústria para o município
Diante da inércia do governo estadual, o prefeito Francis Maris Cruz vem mantendo contatos com políticos e representantes do governo federal na tentativa de conseguir uma cessão de transferência do terminal portuário público para o município. Francis pleiteia que, o governo federal, realize uma transferência no mesmo molde em que foi feito para o Estado, em favor do município. Além do porto, Francis deseja a administração do Distrito Industrial que também pertence ao governo.
A proposta da administração municipal será para que, de posse da cessão de transferência, viabilizar um acordo com a iniciativa privada para fazer o porto funcionar. Para isso, conforme o prefeito, já conta com duas empresas com know-how no ramo, interessadas a “tocar” o terminal. O Grupo Centro Oeste, o mesmo que está construindo o terminal de Paratudal, nas proximidades da localidade da Barranco Vermelho a multinacional paraguaia “Panchipa”. Assim como os especialistas no assunto, o prefeito vê na hidrovia um grande salto econômico para a região.
Cláudio Henrique e Valdeníria se reúnem com deputados
Alguns representantes do Poder Legislativo também tem se manifestado a favor do assumo. Na semana passada, os vereadores Cláudio Donatoni e Valdeníria Ferreira, se reuniram com deputados estaduais Dilmar Dal Bosco e Carlos Avalone pra tratar tanto do Porto quanto do Distrito Industrial e o Porto. A intenção dos vereadores é iniciar os trâmites para municipalizar o Distrito Industrial que hoje está em poder do Estado.
Segundo o vereador, a iniciativa pode trazer investidores para a cidade. “Isso vai nos possibilitar criar um próprio programa de incentivo e atração de empresas para virem se instalar em Cáceres. Hoje nós só temos áreas urbanas para oferecer à iniciativa privada e essa expansão beneficiária muito nosso município, possibilitando inclusive uma maior área pro chão de fábrica”, afirma Donatoni.