O diretor da Penitenciária Central do Estado (PCE), Revétrio Francisco da Costa, e o subdiretor, Reginaldo Alves dos Santos, negaram, na tarde de ontem (24), que tenham facilitado a entrada de celulares na unidade prisional. Em depoimento à Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), disseram que foram enganados por policiais militares.
O diretor e o subdiretor da PCE foram presos durante a Operação Assepsia, deflagrada na última terça (18), que apura a facilitação de entrada de aparelhos celulares na unidade. Além deles, também foram presos o subtenente Ricardo de Souza Carvalhaes e o cabo Denizel Moreira, ambos da Rotam, e o tenente Cleber de Souza Ferreira, lotado no Terceiro Batalhão.
Em depoimento à GCCO, o diretor e o subdiretor da PCE afirmaram que não sabiam que o freezer que entrou com celulares na unidade – que culminou na operação – carregava diversos celulares em seu interior.
Os dois afirmaram que os três PMs alvos da Assepsia foram os responsáveis por pedir a entrada do freezer na unidade prisional. Segundo os depoimentos, os militares, que trabalham na área de Inteligência da PM, argumentaram que o eletrodoméstico seria um agrado a Paulo Cesar da Silva, conhecido como Petróleo – preso na PCE –, para conseguir informações para futuras apreensões.
Ainda conforme os depoimentos desta segunda, o freezer entrou na unidade prisional sem passar pelo scanner, pois agentes prisionais disseram que o eletrodoméstico não precisaria de tal procedimento.
Os diretores da PCE afirmaram que foram alvos de uma armação por parte dos três militares presos, com os quais tinham proximidade. Revétrio disse que, antes do freezer, os PMs chegaram a pedir permissão para que entrassem com celulares na unidade prisional, mas o diretor da PCE disse ter negado tal pedido, pois argumentou que a secretaria de Segurança Pública não permitiria.
Os depoimentos dos dois serão anexados aos autos do inquérito sobre o caso, que deverá ser concluído nesta quinta (27). Na manhã desta terça (25), os policiais militares serão ouvidos pela GCCO.
Presos do CV
Além dos policiais e dos diretores da PCE, outros dois alvos da Assepsia foram Petróleo e Luciano Mariano da Silva, o Marreta. Os dois são apontados como principais líderes do Comando Vermelho em Cuiabá. Eles já estavam presos e foram alvos de mandados de prisão preventiva. Segundo as apurações, eles teriam se beneficiado pelas entradas ilegais dos celulares na PCE.
Um vídeo, que consta no inquérito policial da Assepsia, mostra os policiais militares, Revétrio e Petróleo indo à sala da direção da PCE, na tarde do último dia seis. O registro de circuito interno da penitenciária é considerado uma das provas da ligação entre eles.