Foram registrados 612 desaparecimentos somente de janeiro a setembro deste ano, em Cuiabá, segundo o Núcleo de Desaparecidos da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Desses, 56 casos ainda não tiveram solução.
Tatiane dos Santos Rodrigues Bueno contou que o marido, Wellington Bueno Carvalho, de 36 anos, está desaparecido há mais de seis meses e até agora não há informações sobre o paradeiro dele.
“Fico angustiada, porque a dor do desaparecimento é pior do que descobrir que está morto”, disse.
Wellington Bueno Carvalho, de 36 anos, está desaparecido há mais de seis meses — Foto: TVCA/Reprodução
A última informação que a família teve é que ele foi deixado próximo da casa onde mora, em Cuiabá, após voltar de uma viagem a trabalho, em Nobres, a 151 km da capital.
“Conversei com ele o dia todo. Ele disse que chegaria tarde e que no outro dia cedo trabalharia, mas ele não chegou naquele dia”, contou.
Wellington tem dois filhos pequenos e, segundo Tatiane, as crianças estão sofrendo com a falta do pai.
Caio Padilha Lemes está desaparecido há sete meses — Foto: TVCA/Reprodução
Outro caso que ainda não teve resposta é o de Caio Padilha Lemes, de 25 anos. Ele está desaparecido há sete meses. Segundo a família, o jovem saiu de casa para trabalhar e não voltou mais.
“Ele saiu para passear e não chegou, mas no outro dia cedo fiquei sabendo que ele foi trabalhar normalmente. Depois disso, não tive mais notícias”, disse a mãe de Caio, Geci Padilha.
As duas famílias registraram boletim de ocorrência na DHPP. O delegado que investiga os desaparecimentos, Olímpio da Cunha Fernandes Júnior, reforçou que as investigações estão em andamento.
Ele afirmou que 90% dos casos são esclarecidos, mas ainda falta mais estrutura para o Núcleo.
“Não temos um delegado específico para o núcleo. Atualmente, estou acumulando as funções de investigações da delegacia. Temos poucos investigadores e poucos escrivães”
Atualmente, apenas dois investigadores e uma escrivã trabalham no núcleo de desaparecidos da delegacia.
Sobre a falta de estrutura do núcleo, a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) disse que reconhece o deficit de delegados e servidores nas unidades e que a situação está sendo monitorada, mas que a prioridade no momento é restabelecer o equilíbrio fiscal e, por isso, não há previsão orçamentária para novos concursos.