Maioria das lideranças políticas são contra o projeto de saneamento que o prefeito Francis Maris (PSDB) encaminhou à Câmara Municipal de Cáceres e que será votada hoje no legislativo cacerense.
Durante a última semana, o Bugre Online e sua redação enviou a pergunta a todos os pré candidatos à prefeitura de Cáceres em 2020. A eles foram perguntados "você é contra ou a favor ao projeto de saneamento milhões que o prefeito Francis enviou para a Câmara de Vereadores? Teria outro caminho?".
A maioria não vê com bons olhos o empréstimo de R$ 286 milhões que os cacerenses e seus sucessores devem pagar por 24 anos. Apenas o secretário Júnior Trindade é a favor. A vice prefeita Eliene Liberato preferiu não responder o questionamento. Confira as respostas.
O ex prefeito por dois mandatos, Túlio Fontes (PV) critica a proposta e vê falta de competência de Francis e Eliene em correr atrás de recursos para Cáceres.
“Totalmente contra fazer empréstimo para o povo pagar. Essa administração não tem competência pra trazer recursos de Brasília (Gov Federal) e nem de Cuiabá (Gov Estadual). Sequer emendas parlamentares conseguem trazer para o município”, conta.
O líder do Democratas de Cáceres, Professor Adriano Silva fala que toda ação que possa contribuir com o desenvolvimento é bem vindo, só que não concorda com a gestão que é conhecida como “cobradora de impostos” e que teve oportunidade de fazer a diferença e não fez,não pode no seu último ano querer endividar a cidade.
“O que estamos vendo é que não mudou em nada, o que mudou foi o rigor da cobrança que é o perfil dessa atuação gestão. Cobrar muito, mas oferecer pouco. Não concordo que um gestor em final de mandato, depois de sete anos de gestão não tem a capacidade de fazer isso, agora praticamente há um ano para findar seu mandato começa a emprestar dinheiro de todo mundo, endividando o município. Comprometendo o futuro deste município, a administração futura. Se os vereadores aprovarem isso, estarão indo todos contra a vontade popular”, relata.
Os petistas, James Cabral e Professor Dimas Neves também concluem que o caminho das pedras não é endividar o município e sim ir atrás de novas opções de captação de recurso e que a população que vai pagar caro este empréstimo.
“Não é justo que a gestão de Francis force o município fazer dívidas astronômicas e coloque na conta do povo para população cacerense pagar depois. Não é possivel que paguem os o financiamento da obra e depois obrigar que os cacerenses também paguem o uso do sistema. Isso é um escárnio com o povo desta cidade”, conta o professor Dimas Neves.
James Cabral conta que o fato da cidade estar entre uma das mais pobres do país qualifica a ir atrás de recursos e que essa ação.
“A administração do governo Francis, que tanto critica os governos do PT, precisa dar o braço a torcer, não existe nenhuma política do governo federal pensada para tratar a questão do saneamento, ou existe? Precisa mostrar hombridade, pois são gestores locais, e começar a cobrar do governo federal. Cáceres é uma cidade pobre, precisa estar sempre muito bem articulada com o governo federal", pontua.
O irmão do deputado Lúdio Cabral aponta uma possível ação a ser realizada de Francis.
“Pelo portal do antigo ministério das cidades, tem um em execução a ELABORAÇÃO DE ESTUDOS DE CONCEPÇÃO, PROJETOS BÁSICOS E EXECUTIVOS DE SANEAMENTO INTEGRADO NA SEDE MUNICIPAL - CÁCERES/MT - MT, no valor de quase dois milhões de reais, assim, começaria por ai, apresentando o que já se levantou sobre o tema, apontando as demandas, valores, projetos e uma ampla articulação com o governo estadual, federal e bancadas legislativas”, constata Cabral.
O vereador Cezare Pastorello (SD), conta que o empréstimo fará aumentará em 240% na taxa de água.
“Sou a favor do esgotamento sanitário, mas, não de um empréstimo com taxa de 8,5% para isso. A população não tem como absorver esse custo, já que, no mínimo, pagará 240% do que paga hoje de água. Além de outras fontes de financiamento com juros mais baratos e prazos mais longos, Cáceres tem que se impor como maior município do alto pantanal e exigir os investimentos em saneamento do governo federal ou até internacionais. Esgoto é bom, mas, o cacerense não tem como pagar essa conta sozinho”, argumenta.
O ex vereador Marcinho Lacerda (MDB) aponta que a gestão criou a Autarquia Águas do Pantanal para justamente correr atrás de recurso e agora não é momento de se fazer um empréstimo como este.
“Cáceres, é um município pobre, e municípios como o nosso, que tem apelo como o Pantanal, tem a expertise para negociações maiores com o governo federal e instituições internacionais. Como por exemplo, o BNDES, os fundos, ou até mesmo através de emendas de parlamentares. Quando se foi criada a autarquia [Águas do Pantanal] teve como justificativa de criação para este fim e agora vemos a gestão não usá-la para entrar num endividamento com dívida deste montante. Infelizmente vai sobrar para a nossa população pagar”conta Marcinho.
Renancildo Cotia (PSD), que trabalha na Casa Civil na gestão do governador Mauro Mendes conta a experiência do governador que só fez empréstimo para pagar as dívidas anteriores do Estado depois de todo o projeto for discutido intensamente e aprovado com a população matogrossense, inclusive até pela oposição.
“acho muito precipitado buscar aprovação da câmara pra de imediato buscar o financiamento, é um valor muito alto pra um município que não arrecada, isso tem que ser estudado com a população, pois ela é que vai pagar a conta, o problema é a capacidade financeira do município, como ficará na soma de tantos financiamentos? Veja quantas reuniões, audiências públicas foram realizadas? Com a população e seguimentos organizados, economistas do município pra ver se é o momento? Tem toda essa temática a ser discutida, como ficará a carga financeira futura da prefeitura? Eu só acho que temos que ter mais tempo de estudo, até porque estamos no início de um novo modelo de gestão do governo federal, e é preciso cautela.
Veja o governo de MT em outras épocas, tinha um empréstimo feito no qual pagavasse juros fora da realidade, o gov fez um outro empréstimo com juros menores pra pagar esse empréstimo anterior pra não travar o estado, mas para isso foi realizado estudos e audiências públicas pra ninguém ter dúvida que era o melhor caminho, onde assim teve até aprovação da oposição, é isso que eu falo quando o povo entende a matéria e assume junto o projeto aí vc pode seguir em frente”, justifica Cotia.
Ao Bugre Online, o líder do partido do presidente Bolsonaro na região, o Engenheiro Nakamoto enviou uma série de questionamentos que o prefeito deveria responder antes de usar a opção de financiamento.
“Já se esgotaram todas as possibilidades de captar esse recurso através do Governo Federal? Com que recurso será pago esse empréstimo? Os usuários pagarão esse empréstimo? Quanto custará para os usuários as parcelas do empréstimo e os custos de operação e manutenção? Com todos esses custos haverá aumento da inadimplência? De onde saíra recurso para compensar essa inadimplência? Essa compensação não poderá prejudicar outros serviços públicos? Haverá diminuição dos índices de enfermidades devido a falta de saneamento básico. Quanto? As pessoas com menor poder aquisitivo após estar implantado a rede de esgoto na sua rua, fará as devidas instalações dentro de sua propriedade para encaminhar à rede?”, questiona Nakamoto.
Nakamoto também questiona a falta de publicidade do prefeito em não disponibilizar o projeto de saneamento para a população.
“o projeto poderia estar disponível no site da Prefeitura para que possamos apreciar e nos informar”.
O Engenheiro por fim diz que pertence a grupo grande que poderia ser convocado pelo prefeito para correr atrás de recursos para o projeto de saneamento.
“Atualmente pertenço a um grupo político, onde temos um Deputado Federal e dois Deputados Estaduais. Vejo no Governo Federal um caminho para alocar esse recurso, nada mais justo que os próprios impostos recolhidos via Governo Federal, retornara em obras de saneamento”, argumenta.
Apenas Júnior Trindade vê que o projeto de financiamento que o prefeito encaminhou ao legislativo é correto.
“Sou a favor, por se tratar de uma oportunidade única de resolver de uma vez por toda esse grande problema da nossa cidade. É o que nós vamos colher de benefícios irá fazer esse investimento ficar barato”, conta.
A vice Eliene Liberato (PSB) foi contactada várias vezes pela equipe do Bugre Online e preferiu não responder as nossas indagações.