O desperdício de alimentos, por parte da prefeitura de Cáceres, que deixou vencer, o prazo para consumo, de cerca de 200 cestas básicas, no depósito do Centro de Referência de Ação Social (CRAS), será investigado pelo Ministério Público Estadual (MPE). Além da ação do MPE, a notícia do desperdício, através do site Expressão Notícias, causou indignação da população.
A descoberta das cestas, com produtos vencidos, chegou até ao vereador Marcos Ribeiro, através de uma denúncia. Acompanhado dos vereadores Flávio Negação e Leandro Santos, ele acionou o MPE que, através de representantes, compareceram no local e constataram o fato.
“Ainda não temos como saber, com precisão, quantas são as cestas básicas vencidas. Sei que são muitas. Num lugar tinha umas 80 em outro mais de 100. Tinha trigo, feijão e álcool gel vencidos” afirmou Marquinhos acrescentando que “a Câmara vai cobrar uma explicação da prefeitura. Isso é inadmissível. Enquanto muitas pessoas passam fome, na prefeitura, deixando vencer alimentos”.
Assim como o MPE e a Câmara, a prefeitura também pretende apurar o caso. A prefeita Eliene Liberato Dias, afirmou que já tinha conhecimento e já determinou a instauração de um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) para apurar responsabilidades.
”Na verdade eu já tinha conhecimento. E, já determinamos a instauração de um Procedimento Administrativo (PAD). O responsável por esse desperdicio será penalizado”. Mesmo antes do resultado do PAD, a prefeita atribui a falha a administração anterior.
“Não sabemos ainda a quantidade das cestas encontradas com prazo de validade vencido. O que temos certeza é que são da gestão passada. Mesmo assim, vamos apurar responsabilidades”. Os sacolões adquiridos pela administração municipal, junto ao governo federal, seriam para distribuição durante a Campanha de Natal no ano passado.
Secretária anterior rechaça responsabilidade
A ex-secretária de Ação Social, na gestão do ex-prefeito Francis Maris Cruz, Eliane Batista, rechaça qualquer responsabilidade sobre o caso. Ela disse que, embora as cestas básicas tenham sido adquiridas na gestão passada, quando ela ainda era secretária, há informações de que os produtos venceram no final do mês de fevereiro, deste ano, já na atual gestão.
“Eu vou me inteirar da situação. Pela informação que tenho, os produtos venceram no final do mês de fevereiro, já na atual gestão. Alimentos perecíveis não podem permanecer muito tempo sem consumo” explicou.
População se revolta
Em redes sociais, as pessoas condenaram o descaso da administração ao deixar vencer as cestas básicas. “Que triste. Enquanto muitas pessoas passam fome, alimentos estão perdendo na prefeitura” comentou a diretora do INSS, Ana Maria da Silva.
“Esses sacolões eram para famílias carentes de nossa cidade, mas infelizmente, por politicagem, os alimentos venceram” disse um pastor evangélico que não quis se identificar. “Isso é um crime. Os culpados têm que ser responsabilizados mesmo” disse o comercial João Ferreira Martins.
“Essas cestas básicas deveriam ser entregues aos catadores de resíduos sólidos que estão precisando muito, mais deixaram perder. É uma irresponsabilidade muito grande” comentou um funcionário do Ministério Público, que por questão ética não quis se identificar.
“Boa vereadores. Tem que fiscalizar mesmo. Uma situação dessa tem que ser denunciada e tornar público. Tem o nosso apoio” disse Vargas Olivares. “Só faltava essa. O Ministério Público tem que agir com rigor, porque se deixar pela prefeitura ou pela Câmara, vai acabar em pizza” alertou o comerciante Pedro Lima.