O baixo volume de água nos canais, provocado pela escassez de chuva, expõe um crime ambiental que se arrasta há mais de 10 anos, na área urbana, em Cáceres: o Córrego do Lava-pés, situado entre os bairros São José e Lava-pés, continua recebendo grande quantidade de resíduos fétidos, supostamente, de fossas e esgoto dos bairros Nova Era e Jardim Guanabara, despejando no rio Paraguai.
Apenas com um fio de água é possível avistar um emissário subterrâneo, despejando, diariamente, os resíduos, provocando poluição e o crime ambiental ao longo do canal. De 10 quilômetros de extensão, o córrego que nasce na serra do Bom Jardim desemboca na Baia do Malheiros, no rio. Dos 10 quilômetros de extensão 7 estão na área urbana do município.
Nas imediações, a pouca água que corre pelo canal está totalmente escura e de odor insuportável, principalmente, no período da tarde.
“A fedentina ao começa amanhecer, depois do meio dia e no final da tarde é insuportável” reclamou uma moradora residente a 50 metros do local. Ela diz que “não temos como comprovar, mas as pessoas falam que as nossas crianças estão adoecendo por causa dessa podridão”. Os cardumes de pequenos peixes, como lambaris, que antes existiam no local foram dizimados
O esgoto começou a ser lançado no córrego no início de 2009, após a conclusão do conjunto habitacional do bairro Guanabara. À época a administração municipal responsabilizou a construtora do residencial que, segundo ela, teria feito a entrega das casas sem construir o sistema de esgoto.
Os moradores lembram que, assim que foi constatado o dano ambiental, procuraram além da prefeitura, a Câmara Municipal e a Sema, mas nada foi resolvido. “Já veio gente da Sema, da Câmara de Vereadores e até do Ministério Público Federal. Eles anotam tudo, mas providência que é bom, nada. Tudo está como há mais de 7 anos” reclama outro morador.
Medidas inócuas
Desde que o caso foi denunciado em 2009 várias entidades se mobilizaram para solucionar o problema. Contudo, nada foi resolvido. A Câmara chegou a realizar uma audiência pública para encontrar solução para o caso. A denúncia chegou ao Ministério Público Estadual. O promotor ambiental da época André Luiz de Almeida chegou a realizar vistorias “in-loco” várias vezes.
Em seguida foi a vez do Ministério Público Federal converter um Procedimento Administrativo em Inquérito Civil Público, para apurar os danos. Na época foram oficializados o então prefeito municipal e o diretor da Sema para que tomassem providenciais no sentido de evitar a extensão do dano. Não se tem notícia do resultado das ações e a poluição ambiental permanece.
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