A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) e o Batalhão de Policia Militar de Proteção Ambiental (BPMPA) fizeram nesta quarta-feira (02.01) a contenção e destinação de uma onça-pintada (Panthera onca) para a reserva do Instituto Nex, em Goiás. O animal vinha sendo mantido, desde filhote, em uma fazenda em Cáceres (219 km de Cuiabá), com vida livre e comportamento dócil.
A retirada do animal foi necessária devido a aproximação com humanos do entorno, o que facilita uma possível caça do animal, que está em extinção. Conforme os responsáveis pela área, ainda filhote, a onça foi resgatada após incêndios no ano de 2020, e desde então, tem sido alimentada por humanos. Denominada de Marruá pelos moradores da fazenda, a onça é fêmea, e tem aproximadamente dois anos de idade.
"Pelo fato dela estar muito dócil e domesticada não será possível a soltura em habitat natural. Por enquanto, ela ficará em um recinto sob a guarda do Instituto Nex", explica Fernando Siqueira, Gerente de Fauna da Sema.
A Sema orienta que quem encontrar filhotes de animais silvestres, ou até mesmo animais adultos que estejam em ambienta urbano, ou com ferimentos, que entra em contato com a Sem ou Batalhão ambiental para a retirada do animal. "Orientamos que seja feita a entrega voluntária do animal para que passe pelos cuidados necessários e seja dada a destinação correta", conta.
O Instituto de Preservação e Defesa de Felídeos da Fauna Silvestre do Brasil em Processo de Extinção (NEX) possui um refúgio onde os felinos resgatados com ferimentos ou em situação de risco são acolhidos e cuidados. As tratativas para a destinação do animal também contaram com a participação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais e do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos (CENAP).
Onça vivia solta junto com trabalhadores de fazenda em MT — Foto: Divulgação
Segundo a Polícia Ambiental, apesar de ser ‘mansa’ com pessoas, ‘Marruá’ passou a matar os animais criados na propriedade e, por isso, o fazendeiro decidiu pedir ajuda para leva-la para um local mais adequado.
Onça-pintada caminha solta ao lado de policial em fazenda de MT
A captura da onça-pintada foi feita pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), Polícia Militar Ambiental e voluntários da ONG NEX – No Extinction, que cuida da preservação de grandes felinos.
A onça será levada para Goiás e ficará sob os cuidados da ONG. Na nova casa, ela deverá será tratada e reinserida ao habitat natural.
Onça resgatada será reinserida ao habitat natural — Foto: Divulgação
Perda do habitat
Além de ‘Marruá’, estima-se que cerca de 4,65 bilhões de animais foram afetados com as queimadas no Pantanal em 2020.
O artigo intitulado de "Pantanal está pegando fogo e só uma agenda sustentável pode salvar a maior área úmida do mundo” mostra que dentre as espécies de animais mais afetadas com as queimadas estão: as onças-pintadas, a águia-solitária-coroada, o tamanduá-bandeira, o cervo-do-pantanal e a arara-azul.
Onça-pintada que teve as patas queimadas foi resgatada no Pantanal de Mato Grosso no dia 11 de setembro de 2020 — Foto: Ailton Lara
À época, 85% do Parque Estadual Encontro das Águas, localizado na região de Porto Jofre, em Poconé (MT), que abriga maior refúgio de onças-pintadas no mundo foi destruído pelos incêndios.
Entre 1º de janeiro e 30 de novembro de 2020, as queimadas atingiram 4,5 milhões de hectares, em 21 municípios que compõem o Pantanal, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, conforme relatório técnico elaborado pelos setores de geoprocessamento do Ministério Público.
Segundo monitoramento feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 2020 foi o que teve mais registros de fogo no Pantanal desde o fim da década de 1990.