Um possível conflito armado entre grileiros, quilombolas e proprietários rurais da comunidade de Pita Canudos, é iminente, em Cáceres. Os sitiantes que adquiriam as terras, denunciam que estão sendo ameaçados de invasão por grupos que desejam a ocupação, e prometem se defender.
A mais recente ameaça ocorreu na manhã de domingo (27/03). Em uma ocorrência policial, caseiros e testemunhas relatam que um grupo formado por cerca de 30 pessoas, vestidos com trajes semelhantes aos de MST e CUT teria depredado uma placa, arrebentado o cadeado da porteira e entrado na propriedade.
“O clima é tenso na região. Não há como negar. Antes eles só ameaçavam, agora estão agindo. Se invadirem teremos que nos defender” disse um dos proprietários lembrando que além de tentar invadir os imóveis, os “invasores” ameaçam os moradores.
“Após quebrar o cadeado e entrarem eles disseram para os caseiros não se aproximarem” conta afirmando que a invasão só não se consumou porque a esposa do caseiro saiu correndo gritando por socorro. Mesmo assim, segundo a testemunha, eles prometeram voltar a qualquer momento.
De 373 hectares, localizada a 48 quilômetros do município, a área é fruto de uma demanda judicial, entre os remanescentes de quilombos e os sitiantes que adquiriram o imóvel.
As suspeitas sobre a invasão recaem na direção da Associação de Quilombos da Comunidade de Pita Canudos, cuja presidente é a remanescente do quilombo, Joana de Oliveira Campos.
Dizem os proprietários de que há, inclusive, gravações em que mostram conversa entre ela e outros quilombolas, pertencentes a associação, de que, cansada de receber só sacolão do governo, a intenção seria ocupar a terra. E, que para isso, contaria com apoio de várias outras famílias de sem-terra da região.
Procurada pela reportagem, Joana Campos, nega qualquer envolvimento com o caso. “Isso não é verdade. Nós estamos lutando pela terra, mas não através de violência. Quem me conhece sabe” disse afirmando que estaria registrando uma ocorrência policial para denunciar as pessoas que a estão acusando.
Remanescente da Associação de Quilombos da Comunidade de Pita Canudos, Maria Dalva Campos Pereira, hoje presidente da Associação Comunidade Negra Rural Quilombo Bebedouro, declarou que sua associação busca resolver as questões de forma pacífica e dentro da legislação vigente.
Ao negar envolvimento com a situação, Dalva Pereira declarou que teve conhecimento das tentativas de invasão, no último domingo, e que tais invasões são provenientes de “grileiros e posseiros”.
Idalice Nunes, da direção do Movimento de Trabalhadores Sem Terra (MST/MT) expediu um vídeo em que afirma que o MST não orienta e nem tem nenhum envolvimento com o caso: