O promotor de Justiça do Paraguai Marcelo Pecci, 45, responsável por investigações envolvendo o crime organizado, incluindo o PCC (Primeiro Comando da Capital), foi assassinado a tiros hoje em uma praia de Cartagena, na Colômbia.
O crime aconteceu na Ilha de Baru, um dos principais pontos turísticos da cidade portuária de Cartagena. Segundo a polícia local, dois assassinos chegaram em um jet ski e, da água, abriram fogo contra o promotor e em seguida fugiram na mesma embarcação.
Casados em 30 de abril deste ano, Pecci e a mulher, a jornalista Cláudia Aguilera, grávida, estavam em lua de mel. Ela não se feriu. Um grupo de banhistas tentou ajudar o promotor, baleado três vezes. Ele morreu no local. Minutos antes do crime, o casal anunciou a gravidez e postou fotos nas redes sociais.
Turistas registraram imagens do promotor caído na areia, já sem vida. A mulher dele também foi filmada e fotografada. Ela estava desconsolada ao lado do corpo dele já coberto por uma toalha azul. Em uma das fotos aparece uma banhista tentando ampará-la.
O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, disse que o "assassinato covarde do promotor chocou a nação inteira". Ele acrescentou que "é muito triste e doloroso" e prometeu que seu governo vai continuar na luta contra o crime organizado.
O governo dos Estados Unidos também se prontificou em oferecer ajuda para esclarecer o assassinato e prender os autores do crime. As autoridades norte-americanas ressaltaram ainda que darão continuidade à cooperação no combate ao crime organizado na América do Sul.
Marcelo Daniel Pecci Albertini coordenava no Ministério Público do Paraguai as investigações contra o crime organizado naquele país -, inclusive nas regiões de fronteira com o Brasil - envolvendo o narcotráfico, tráfico de armas, lavagem de dinheiro e até terrorismo.
Investigações emblemáticas
Um dos casos emblemáticos acompanhados pelo promotor foi o da chacina de outubro do ano passado em Pedro Juan Caballero. Uma das vítimas foi Haylee Caroliona Acezedo Yunis, 22, filha do governador de Amambay, no Paraguai, Ronald Acevedo.
As brasileiras Kaline Reinoso Oliveira, 22 anos, natural de Dourados (MS), e Rhannye Jamilly Borges de Oliveira, de Cáceres (MT), também morreram na ação. Outro caso que era acompanhado por Marcelo Pecci envolvia o assassinato do jornalista brasileiro Léo Veras. Ele foi morto com 12 tiros em fevereiro de 2020, em Pedro Juan Caballero.
Veras era proprietário de um site de notícias no Mato Grosso do Sul e produzia muitas reportagens em português e espanhol sobre o tráfico de drogas na região de fronteira.
O promotor chegou a dizer à imprensa paraguaia que o crime poderia ter sido encomendado por uma facção criminosa que domina o tráfico de drogas na região de fronteira com o Mato Grosso do Sul, no caso o PCC.
Pecci também participou das apurações da prisão de Ronaldinho Gaúcho no Paraguai em 6 de março de 2020. O jogador brasileiro foi acusado de entrar naquele país com passaporte falso, junto com o irmão Roberto de Assis.