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Cigarros Eletrônicos: Não se engane, de “descolado” e “inofensivo” eles não têm nada
Por Lorraynne dos Santos Lara e Luiz Evaristo Ricci Volpato
25/05/2022 - 10:00

Foto: reprodução

 

Recentemente os cantores Zé Neto e Solange Almeida expuseram para a mídia problemas de saúde causados pelo uso de cigarros eletrônicos. Ambos tiveram de buscar tratamento médico para falta de ar e relataram dificuldade de cantar. Em entrevista a artista Solange Almeida contou que após abandonar o vício pelo cigarro convencional há 15 anos, foi apresentada ao cigarro eletrônico e por acreditar que ele não possuía nicotina, só foi se dar conta do novo vício quando as consequências começaram a surgir.

O curioso é que os cigarros eletrônicos surgiram justamente como uma alternativa para auxiliar no controle do cigarro tradicional, apesar de não existir comprovação relacionada a essa eficácia. Com sua aparência “inofensiva” e design moderno que pode contar inclusive com luzes chamativas, variedades de sabor e a ausência do odor incômodo do cigarro tradicional, os eletrônicos viraram moda entre os jovens. O cigarro eletrônico, no entanto, não é inofensivo – longe disso. Seus altos índices de nicotina e outras substâncias nocivas podem gerar dependência química no indivíduo rapidamente e acarretar todas as doenças respiratórias associadas a esse vício, como enfisema pulmonar, doenças cardiovasculares e câncer.

Além disso, tem-se percebido que o cigarro eletrônico muitas vezes atua como porta de entrada para o cigarro convencional e muitos fumantes também têm associado o uso do cigarro eletrônico com o convencional, o que agrava ainda mais sua condição de saúde. Vale o registro também da situação relatada pela cantora, em que ex-fumantes de cigarro convencional, se envolvem no novo vício por acreditar erroneamente que esse é mais brando e fácil de controlar.

Todas as formas de tabaco comprometem a saúde e a qualidade de vida de quem se expõe a ele ativa ou passivamente. O tabagismo possui uma relação de causa e efeito com diferentes tipos de câncer, não apenas o câncer de pulmão e brônquios, mas também em outros órgãos-alvo como a boca, faringe, laringe, esôfago, vesícula biliar, trato gastrointestinal, fígado, estômago, pâncreas, rim, bexiga, colo de útero, útero, mama, próstata, colorretal e leucemia mieloide aguda, além de possuir associação com metástases para outros locais.

A legislação brasileira proíbe a comercialização do cigarro eletrônico e seus derivados desde 2009. Neste momento a lei passa por processo de discussão e atualização de informações técnicas. A Anvisa está na fase de levantamento de subsídios, aberta a receber informações técnicas a respeito dos cigarros eletrônicos. Por isso, conselhos e entidades da saúde têm se unido para entregar todas as evidências científicas que garantam a continuidade da proibição do comércio dos cigarros eletrônicos.

Não se engane, de “descolado” e “inofensivo” os cigarros eletrônicos não têm nada!

 

 Lorraynne dos Santos Lara - Cirurgiã-dentista, Mestranda em Ciências Odontológicas Integradas – UNIC); Luiz Evaristo Ricci Volpato, Cirurgião-dentista, Professor do programa de Mestrado e Doutorado em Ciências Odontológicas Integradas – UNIC e membro do corpo clínico do Hospital de Câncer de Mato Grosso.

 

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