Cinegrafista que atroplelou Sophia Leite tinha usado cocaína
Por Jornal Expressão
24/12/2012 - 11:30
O uso de cocaína dificultou o cinegrafista José Ferreira (48), conduzir o veículo, provocando o acidente que resultou na morte trágica da servidora da prefeitura Maria Sophia Leite (49) e deixou gravemente ferida a bancária Jacqueline Sant`Anna (45). A revelação foi feita, pelo delegado Adriano Bernardes Cavalhiere, que na última quinta-feira (20) concluiu e relatou o Inquérito Policial que apurou o caso e o encaminhou à Justiça. O acidente ocorreu no dia 29 de setembro. Porém, somente depois de dois meses e 25 dias, começa, finalmente, a ser esclarecido.
Apesar da conclusão das investigações, o esposo de Jacqueline, o engenheiro agrônomo, Mário Márcio de Figueiredo, suspeita da demora exagerada para esclarecimento do caso. Ele diz que, embora tenha recebido o resultado do exame toxicológico - realizado no condutor do veículo que causou o acidente - no dia 2 de outubro, somente no dia 22 de novembro, depois de 51 dias, o médico Jones Bisinela o encaminhou para a polícia. E, segundo ele, somente na última quinta-feira, após questionar na delegacia, o laudo que já estava no local, há duas semanas, foi encontrado e entregue ao delegado.
“Não tenho como provar nada. Mas, é no mínimo, muito estranho que um médico receba o resultado de exame, de um caso de grande repercussão e comoção social, que pode inclusive, esclarecer uma tragédia, dure 51 dias para entregá-lo à delegacia. E, lá por uma falha grotesca, o laudo permaneça mais duas semanas engavetado antes de ser entregue ao delegado” diz afirmando que, somente após insistentes cobranças junto as autoridades o fato começa a ser solucionado.
Mario Márcio revela que, ao contrário do que foi informado à época pela assessoria do então candidato Leonardo Albuquerque, eles não prestaram nenhuma assistência às famílias, tanto de Sophia quanto de Jacqueline. “Até mesmo o funeral da Sophia está sendo pago pelo pai dela. E, para mim, ninguém nunca deu sequer um telefone de solidariedade”, diz afirmando que as sequelas do acidente são grandes na sua esposa. “Ela recupera aos poucos. Sofreu fraturas múltiplas no fêmur, teve quatro costelas fraturadas que perfuraram o pulmão e ficou com dificuldade de visão. Enxerga pouco de um olho e faz fisioterapia, diariamente”.
Por outro
O delegado responsável pelo inquérito, Adriano Cavalhiere, sustenta que só recebeu o laudo do exame na última quinta-feira. Diz que o que aconteceu foi um desencontro de informações. Explica que a escrivã que recebeu o laudo entrou de recesso e, por um lapso, esqueceu-se de informá-lo. E, que somente, na semana passada, após ser procurado pelo esposo da Jacqueline foi informado, por outro escrivão, que o documento já estava na delegacia.
O médico Jones Bisinela, nega que tenha ficado com o laudo durante 51 dias como denuncia Mário Márcio. “Comigo o exame não ficou. No dia seguinte em que recebi do laboratório, levei em mãos e entreguei a um escrivão do delegado Alex Cuyabano, na Delegacia do Menor. Tenho como provar porque, ele assinou o recibo”.
O delegado Alex Cuyabano, confirma as informações do médico. Garante, no entanto que, no dia seguinte em que recebeu o documento encaminhou para o Instituto Médico Legal (IML). De lá, segundo ele, o laudo foi encaminhado para o CISC, só não sabe quando. Cuyabano ressalta que não exista nada de errado no processo porque em casos dessa natureza, o prazo para conclusão do inquérito é de, no mínimo três meses.
Entenda o caso
Sophia e a amiga Jaqueline foram atropeladas por volta de 8 horas, do dia 29 de setembro, na Avenida José Miguel Scaff, no bairro Jardim Padre Paulo (próximo ao aeroporto), quando pedalavam como faziam com frequência. O cinegrafista integrante da equipe de marketing da campanha da coligação “O Futuro Começa Agora” do então candidato Leonardo Albuquerque (PSD) dirigia em alta velocidade quando bateu nas ciclistas. Sem habilitação, segundo a polícia, Ferreira fugiu do local do acidente sem prestar socorro às vítimas.
Ele foi preso por policiais militares horas depois na residência de um amigo. Confessou não ser habilitado e que não prestou socorro às vítimas por medo de ser linchado por populares que aglomeraram em torno do local do acidente. Durante o tempo em que esteve preso, Ferreira apresentou duas versões para o ocorrido. Primeiro disse ao delegado plantonista Alex Cuyabano que estava a serviço da coligação para buscar um companheiro em um bairro da cidade; posteriormente, certamente orientado, disse que no sábado era seu dia de folga e que pegou a chave do veículo sem autorização de ninguém.
A demora na conclusão do inquérito beneficiou os culpados. Apesar da gravidade do caso, Ferreirinha como é conhecido, ficou preso menos de dois dias. Foi preso no sábado, após o acidente, e colocado em liberdade no final da tarde de domingo, após pagamento de fiança de dois salários mínimos arbitrada pela juíza plantonista Graciene Pauline Mazeto Correa da Costa. Atualmente permanece em liberdade em Cuiabá, como se nada tivesse acontecido.