Médica do Hospital Santa Rosa destaca que o pai vivencia a gravidez e o nascimento do filho de maneira diferente da mãe, mas não menos importante. E destaca o papel do pai como principal apoio à mãe.
Quando pensamos em gestação e parto a primeira imagem que vem à cabeça é a da mãe, mas essas experiências também podem ser compartilhadas com os pais de forma especial.
Acompanhando diversos casais, a médica ginecologista e obstetra do Hospital Santa Rosa, Michelle Rocha, destaca que o pai vivencia a gravidez e o nascimento do filho de maneiras diferentes da mãe, porém não menos importante. “Na verdade, a participação do pai vem desde o desejo de engravidar. E é essencial o seu envolvimento também nas consultas médicas de pré-natal, no parto, pós-parto e no crescimento da família”, afirma.
A médica reforça ainda que a chegada de um filho é cercada de expectativas, medos e inseguranças. As semanas posteriores ao parto costumam ser desafiadoras. “Além da novidade de ter um recém-nascido virando a rotina de cabeça para baixo dentro da casa, as mudanças hormonais, corporais, psicológicas, e, vale frisar, a amamentação, deixam as mães à flor da pele. É exaustivo”, destaca Michelle.
Nesse sentido, ela enfatiza: é crucial uma rede de apoio para mãe. “O pai pode dar banho no bebê, trocar fraldas, por para arrotar, fazer dormir, cuidar da criança para que a mãe descanse e possa também cuidar dela. E juntos compartilharem pequenas vitórias tanto do bebê quanto da nova família”, exemplifica.
Neste Dia dos Pais, selecionamos duas histórias de ‘pais de primeira viagem’ para destacar a importância da paternidade afetiva.
Um pai com fobia de sangue e medo do parto
O nascimento de um bebê é algo emocionante e ao mesmo tempo pode ser carregado de pânico. O produtor rural Luiz Eduardo Vian Brizot, de 28 anos, é prova disso. Com fobia de sangue, ele conta que o nascimento da sua filha, Maria Cecília, em novembro de 2020, foi um desafio na sua vida.
“Desde a minha infância eu sofro com medo de sangue, agulhas. Só de ouvir história de cirurgia, eu passo mal. Quando Carol me contou que estava grávida eu já comecei a me preparar psicologicamente para o parto”, relembra.
Conciliando o dia a dia na fazenda, localizada em Tapurah, Luiz Eduardo participou das consultas médicas e com a fisioterapeuta pélvica do casal, Mayara Barros, e conta que um dia passou mal só com a simulação do parto. “Foi um dia de exercícios intensos e só de imaginar já me apavorei. Mas coloquei na minha cabeça que era minha filha e que tinha que superar isso. Não poderia deixar a fobia me impedir de viver o momento único do nascimento dela”.
E na ‘hora H’, Luiz Eduardo não saiu do lado da esposa, a dentista Carolina Pereira de Campos Melo. “Do momento que a minha bolsa rompeu até termos Maria Cecília nos braços, Dudu - como carinhosamente Luiz Eduardo é conhecido - se manteve firme, de mãos dadas comigo até o fim. Todos sabiam dos seus medos, da fobia de sangue, mas eu sabia que ele seria, e foi, uma das minhas principais forças na hora do parto”, ressaltou Carolina.
“Eu aguentei até o momento da expulsão, cortei o cordão umbilical, vi a cena mais linda da minha vida, da Carol com Maria Cecília nos braços. Mas depois precisei sair um pouquinho para tomar um ar e não desmaiar”, relembra o pai.
Questionado se o medo de sangue passou depois que Maria Cecília nasceu, o produtor rural é enfático em responder que não. Mas garante que a paternidade o transformou. “Hoje sou outra pessoa. A forma como vejo a vida, como reajo à algumas situações. Antes, eu era pavio curto com qualquer coisa, minha filha tem me ensinado todos os dias que posso ser uma pessoa melhor. Quero ser exemplo para ela, que me veja como sua referência de amparo, proteção e ensinamentos para vida”, destaca Luiz Eduardo.
Parceiro na sala de parto
Se o pai tem medo de sangue e acha que isso pode ser um obstáculo na hora do parto, a ginecologista obstetra, Michelle Rocha, orienta que a família tem a liberdade de escolher o acompanhante. “Tudo isso pode e deve ser conversado previamente. Se tem esse receio, é respeitado. No caso de parto cesárea, o pai pode ficar atrás do campo cirúrgico e aguardar o pediatra apresentar o bebê ao casal, ali mesmo na sala de cirurgia.
Já no parto normal, o Hospital Santa Rosa, proporciona à mãe e acompanhantes um local com banheira, luzes especiais para relaxamento muscular, espaço para o primeiro banho, pesagem berço aquecido para o bebê e equipe especializada composta de médico e enfermeiras obstetras e pediatra de sala de parto. “O pai pode acompanhar da forma que se sentir mais confortável”, frisa a médica.
Companheirismo é a palavra de ordem
Neste domingo (14.08), o médico radiologista Eder Veggi, de 36 anos, comemora o primeiro Dia dos Pais junto do pequeno Matheus, primeiro filho dele com a advogada Lariela Mioranza. Com aproximadamente 40 dias de vida, Matheus nasceu de parto normal, no Hospital Santa Rosa, em Cuiabá.
Eder destaca a participação do pai e a cumplicidade entre o casal como essenciais. Por isso, acompanhou a maioria das consultas de pré-natal, e, quando possível, realizou ele mesmo os exames de imagem da esposa. “Via meu filho crescendo mês a mês e isso proporcionava uma felicidade imensa”, destaca.
Outro ponto destacado por ele diz respeito à decisão do tipo de parto. “Com 30 semanas de gestação, decidimos juntos que seria parto normal e humanizado. E fizemos de tudo para que Lariela tivesse confiança e preparada para a hora do nascimento. Porque é normal a mulher ter medo e dúvidas, por conta da dor, dos mitos que ainda cercam o parto vaginal”.
E quando a hora certa chegou, mesmo sendo médico, Eder afirma que também sentiu nervosismo e ansiedade. “A gente fica meio fora do ar, parecia que eu não sabia o que fazer. Mas fomos muito bem acolhidos por toda a equipe. A suíte de parto humanizado com banheira, som, iluminação, tudo perfeito para que Lariela tivesse todo conforto”, ressalta.
E depois de cerca de 3 horas de trabalho de parto, Matheus nasceu perfeito e saudável. O médico descreve a emoção do momento em que cortou o cordão umbilical e segurou o filho nos braços. “A sensação é que você está segurando a jóia mais preciosa do mundo. É uma bênção de Deus tão grande e a materialização do amor. Isso ficou ecoando na minha cabeça por vários dias”, relembra o médico.
Aos pais que ainda não vivenciaram essa emoção, Eder Veggi deixa um recado. “A mulher, mãe do seu filho, é o bem mais precioso e deve ser tratada como a pessoa mais importante na sua vida. Então, dê muito amor, suporte, atenção, respeito, participe de tudo. Se for possível tire licença para ajudar nas tarefas do dia, ajude nos cuidados do bebê, para que a mãe possa amamentar tranquilamente. Porque, no final, você ganha em dobro todo esse amor em família. E isso faz a vida ter mais sentido. A paternidade afetiva nos torna muito melhores dia após dia. Aproveitem!”.