Médico de Cáceres denunciado pelo MP por omissão
Por João Arruda
30/12/2012 - 18:06
O promotor de Justiça Samuel Frungillo, que acaba de ser transferido da comarca de Cáceres,apresentou denúncia por omissão dolosa contra o médico Alexandre Garcia Dalben, numa ação criminal em que figura como vítima a dona de casa Maria Matias Leite Pinto, de 58 anos, que foi a óbito no início deste ano, em decorrência de suposto erro médico durante um procedimento cirúrgico na vesícula.
A denúncia do representante do Ministério Publico contém 14 páginas nas quais sustenta a omissão que conforme trecho afirma “ que o médico entre os dias 14 a 16 de janeiro deste ano no interior de um hospital da cidade, o indiciado, Alexandre Garcia Dalben, mediante omissão dolosa, teria causado danos irreversíveis a saúde da vítima Maria Matias, e ainda não tendo socorrido a mesma a tempo embora tivesse condições para isso".
O promotor ainda reafirma a sua denúncia apontando que médico mesmo tendo ciência da gravidade do estado de saúde da paciente após a cirurgia, com quadro de vômitos de sangue constantes e com fortes dores em função do aparelho (arco cirúrgico) ter perfurado internamente a paciente, nada teria feito na tentativa de evitar a morte de Maria Matias, ao contrário, tanto Alexandre Dalben quanto seu auxiliar na cirurgia, o médico Guilherme José Brito, teriam omitido informações verdadeiras do quadro clínico da paciente, e ambos alegaram para os parentes que aguardavam no corredor do hospital que a vítima estava bem, quando na verdade, a paciente deu entrada para o procedimento lúcida e atendendo a própria orientação do médico que fez o diagnóstico da mesma que necessitava de cirurgia urgente para extração de uma pedra no canal da vesícula.
Quatro horas após o inicio da operação, os parentes sustentam que o médico Guilherme Brito teria saído com aparência assustada, limitando a informar que teria ocorrido um problema técnico e que a cirurgia não sido concluída. Em seguida foi a vez do medico Alexandre Dalben conversar com os familiares dando outra versão, afirmando que a operação teria sido realizada com êxito.
A desconfiança dos parentes de Maria Matias que a versão do médico Dalben não era honesta teve inicio logo que a paciente saiu do centro cirúrgico com aparência desfigurada, apresentando sinais de inchaço e reclamando fortes dores abdominais,. Questionado pelos familiares, Dalben alegou que aquilo seria em decorrência da operação, mas que logo a paciente teria sua saúde restabelecida.
Daquele dia em diante começava o doloroso calvário da dona de casa Maria Matias sem apresentar melhoras. Até que a família recorreu a outro médico, no caso o urologista José Esteves que ao avaliar o quadro da paciente recomendou aos parentes que a mesma fosse encaminhada para a Capital.
Já em Cuiabá, o médico Cervantes Caporossi, com uma junta medica, após avaliar a paciente , relatou aos parentes que o estado de Maria Matias era gravíssimo, quando constatou que havia perfurações no duodeno e essa lesão vinha causando vazamento de gases intestinais. E assim 40 dias após a primeira intervenção cirúrgica faleceu Maria Matias, conhecida em Cáceres Como “Dona Nilda” com 58 anos.
Narra ainda o promotor Samuel Frungilo que o médico “tinha plena ciência” da gravidade do caso ainda assim optou por não informar a família.
No inquérito presidido pelo delegado Rogers Elizandro Jarbas constam também busca e apreensão por determinação da juíza Lamisse Feguri Correa da gravação de imagem durante a cirurgia, que foi periciada localizando as imagens no CPU acoplado ao arco cirúrgico sendo detectados defeitos no aparelho.
Informações junto a 1ª Vara Criminal em Càceres dão conta que o médico ainda não foi citado quanto a denúncia do Ministério Publico.
Desde o fato, a reportagem efetuou contato via telefone e as perguntas foram enviadas através de e-mails, para evitar qualquer outra alegação. Nas duas tentativas de ouvir a versão de Alexandre Dalben, ele se esquivou dizendo que tudo estava sendo tratado pelos seus advogados.