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Divisão do Estado de Mato Grosso completa 45 anos
Por João Arruda
11/10/2022 - 08:43

Foto: reprodução

Há exatos 45 anos, enfim a demanda que se arrastava desde longínquo ano de 1888 praticamente um século, o então presidente da República Ernesto Geisel colocou ponto final na rusga contemporânea, dentro de uma mesma unidade federativa e criava 11 de outubro de 1977, o estado do Mato Grosso do Sul com a Lei Complementar 031.

Em Campo Grande e, em suas principais cidades a rápida assinatura do general Geisel, correu solta dois dias emendaram com o feriado da Padroeira do Brasil, fogos, carreatas e até tiros para cima. No pau da viola, Geisel apenas referendou a costura alinhavada pelo seu guru Golbery do Couto e Silva, este conduziu toda finalização da divisão, era o capitulo derradeiro do movimento divisionista.

Com uma população e eleitorado igualmente superior a Cuiabá e aos demais municípios situados no norte, logo a representação na Assembleia legislativa e na Câmara Federal pendia para o sul. Os "cuiabanos" assim os sulistas tratavam os habitantes daqui residissem ou não na Cidade Verde - Cuiabá- já sabiam que mais dias, menos dia o "divórcio " seria inevitável.

Além da força política amplamente favorável ao estado recém criado, o país vivia sob o Regime Militar (1964/1985), Golbery, convenceu seu chefe que instalando um novo estado, o foco mudaria de Brasília, sobretudo na imprensa que questionava a legitimidade dos militares que nomeavam governos estaduais, senadores, prefeitos das Capitais e ainda nos municípios de fronteira, com o escopo de serem Áreas de Segurança Nacional. Sem esquecer dos inúmeros Atos que suprimiam a liberdade dos brasileiros.

Mato Grosso, não era essa potência em que vem se consolidando no pós divisão, enquanto que o birrento vizinho se arvorava como tal. Ao longo dos anos o remanescente inverteu a tendência que profetizavam os sulistas.

Na partilha, o desenho inicial era para ser fincado num riacho chamado Buriti Mirim, porém os sul-mato-grossenses, num "pari gato" empurraram o teodolito alguns quilômetros acima plantando o marco da divisa no majestoso Rio Correntes, resignados os cuiabanos não perderam nem a amizade tampouco o humor batizaram Buriti, com um novo nome Rio da Confusão este risca rodovia federal 163 de leste para Oeste no município de Sonora, que fraldeia limite onde norte fica o pai e ao sul o filho . Ainda na esteira da divisão descendo rumo a Cidade Morena,- Campo Grande- um outro rio saúda a canetada de Geisel, sendo batizado de Rio Boa Sentença.

O "quinhão açu" de milhares de hectares levados a eito pelo recém nascido Mato Grosso do Sul, tinha um outro objetivo resguardar a posse de Corumbá para lá, e assim ficou.

Pois bem, Mato Grosso do Sul somente se efetivou em janeiro de 1979. Nomeando Harry Amorim como o primeiro governador, já 1982 elegem Wilson Barbosa Martins através do voto livre, ditadura militar tombaria três anos subsequentes.

A longitudinal rodovia que atravessa os dois estados foi aos poucos pigmentando, notadamente o Mato Grosso com núcleos de povoação decorrentes dos três estados do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Essa leva de migrantes, transformou o Mato Grosso num dos maiores produtores mundiais de grãos, algodão, cana de açúcar dentre outros comodities ( bugre gastando termos decorrentes do estrangeirismo), essa mega produção se situa no miolo Mato Grosso, enquanto que nas regiões Oeste e Noroeste, o rebanho bovino se perde de vista nas invernadas, é também o Mato Grosso disparado na criação de gado .

Mato Grosso do Sul não ficou atrás embora não conseguiu acompanhar a toada do irmão mais velho, porém se firmou como um estado de alta produção.

Do lado de cá a peleja centenária pela divisão foi apaziguada e com sobras. Tanto que moda de viola os cantores logo no pós partilha entoavam " meu estado do Mato Grosso é tão grande que dá prá fazer mais dois".

Agora Mato Grosso segue sua sina de ser o primeiro a ter suas terras repartidas, ja sabendo que, é latente uma nova onda divisionista encabeçada por municípios situados no chamado " Nortão ", apostando tornar Sinop em Capital. Sem contar que após o ato que criou o vizinho MS, Goiás foi serrado ao meio dando nação o Tocantins, e, em Minas Gerais, no Triângulo Mineiro esboçou sair dos arreios da Bandeira " Libertas Quae Sera Tamem", a mineirada agiu rápido sufocando a "conspiração " no embrião. No também vizinho a Mato Grosso, estado do Pará a saga de Santarém segue viva, para se tornar Capital e cortar o cordão umbilical com Belém.

Afinal sem rimar, com ou sem divisão que os estados Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, não se orgulhem apenas dos números expressivos no PIB, porém espera se que seus gestores transfiram os ganhos obtidos em tributos decorrentes da alta produção, em melhoria no IDH dos dois estados seja na educação, saúde, segurança e infra estrutura, muito aquém do propalado. Saltam olhos do mundo, na Capital do Agronegócio, milhares de pessoas mendigando ossos à porta de mercados. Um contrassenso, se assemelhando ao ditado dos pantaneiros de antanho diriam "quem nasce vintém, nunca chegará a rés".

 

 

 

 

 

 

 

 

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