Em 1778 foi fundada, oficialmente, a cidade de Cáceres, que nessa época sequer tinha esse nome. Era uma vila, a Villa Maria do Paraguay, com 161 moradores, destes, 78 eram índios castelhanos, o que representava 48,4% da população. Essas informações constam na ata de fundação da cidade. É uma curiosidade que a população em geral não conhece, principalmente a importância dos povos indígenas e africanos para a formação sociocultural de Cáceres.
Foi pensando nisso, que a Câmara, por meio da vereadora professora Mazéh Silva (PT), está propondo à prefeitura a criação de um Centro de Cultura e Preservação de Memória Afro-indígena na cidade.
Em sua justificativa, Mazéh explica que, via de regra, a história oficial não dá a devida importância e protagonismo que os negros e indígenas tiveram para a formação cultural da cidade.
Ela detalha que o território cacerense é notadamente constituído sobre terras indígenas, com a presença desses povos até os dias de hoje no município, que conta com 244 anos de história. A vereadora também pontua que foi grande o número de escravizados africanos trazidos para o trabalho nas fazendas da região.
"A população cacerense se constitui de maneira a miscigenar brancos, indígenas e negros, desta forma a cultura local sofre diversas influências afro-indígenas na fala, gastronomia, música, religiosidade entre outros fatores que constituem a cultura. Deste modo, a criação de um centro de cultura afro-indígena vem como para garantir a preservação das tradições, vivências e costumes do povo cacerense", diz trecho da Indicação 867/22, de autoria da vereadora.
A medida foi encaminhada à prefeita Eliene Liberato e à secretária municipal de Turismo e Cultura, Alessandra Castilho. As gestoras, agora, vão analisar a viabilidade do projeto e encaminhar uma resposta ao parlamento.
Se a indicação for aprovada pela prefeitura, ela pode se transformar em um projeto de lei, no sentido de implantar o Centro de Cultura e Preservação de Memória Afro-indígena em Cáceres.