A construção da Orla do Rio Paraguai, em Cáceres, ainda depende de uma avaliação do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan). A informação é do governo do Estado, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Mato Grosso (Sedec).
A situação deplorável da barranca do rio, com muro de arrimo quebrado, canalização exposta e esgoto in-natura despejando na água, na área central da cidade, próximo à Praça Barão do Rio Branco, aliada a demora na execução do projeto elaborado há 7 anos, foi mostrada, nesta semana, pelo site Expressão Notícias.
“Qualquer obra na orla necessita do aval do órgão federal” explica a assessoria da Sedec, afirmando que “o projeto está em tratativas entre a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra) e o Iphan”. E, que, “nesta semana, a Sinfra deve protocolar a segunda revisão do projeto junto ao Iphan e será marcada uma reunião técnica presencial para tratar do tema”.
A demora na execução do projeto revolta moradores e, principalmente, comerciantes, localizados próximo à margem do rio.
“Isso é uma vergonha para uma cidade considerada turística, junto ao Pantanal Mato-grossense, como Cáceres” reclama o comerciante Faustino Natal, proprietário do Kaskata Restaurante Flutuante, e presidente da Clube de Dirigentes Lojista (CDL) de Cáceres.
“Um total desprezo das autoridades com a nossa cidade. Quando se trata de Cáceres tudo fica complicado” denuncia a artesã Denize Maria da Silva. “Fico imaginando se Cáceres é uma cidade turística e estamos, praticamente, dentro do pantanal e vivemos essa situação, e se não fosse? ” indaga ironizando a professora Marcelina Correa.
O projeto
Orçado em R$ 17 milhões, o projeto para construção da Orla do Rio Paraguai, é antigo. Foi lançado na primeira gestão do ex-prefeito Francis Maris Cruz, em 2016. O recurso chegou a ser aprovado pelo Ministério do Turismo, mas nunca foi liberado. Ao município caberia a contrapartida de R$ 4.5 milhões.
No papel, o projeto arquitetônico da orla do rio Paraguai em Cáceres, é um dos mais belos do Estado. Prevê a requalificação de 1.240 metros da orla, na área central da cidade, desde a sede da Sematur até a praça Vilas Boas. Ao todo serão 78.827,15 metros quadrados de área construída.
Há informações de que todas as licenças ambientais necessárias como da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Agência Nacional de Água (Ana), Marinha e Conselho Nacional do Meio Ambiente (Consema) já foram concluídas e anexadas ao processo.
A reurbanização da orla prevê a construção de Gazebo para prática de atividades físicas, playground e contemplação; construção de muro de arrimo com rampas e escadas ao longo de toda orla; 242 metros de deque flutuante para atracamento de embarcações.
Consta ainda a construção de quiosques – sendo três para lanchonetes e um para o Centro de Atendimento ao Turista (CAT). E, também a revitalização total da Praça Vilas Boa, com construção de quadra de areia, quiosque e uma pequena fonte luminosa. Ao longo de toda orla seria construída uma ciclo faixa, para possibilitar a trafegabilidade no trecho urbanizado
Promessas não cumpridas
Durante campanha política, no dia 3 de outubro de 2018, o governador Mauro Mendes, garantiu a execução do projeto: “É preciso desenvolver essa região, expandir seu potencial turístico e melhorar os serviços públicos da cidade. Vamos melhorar muito a qualidade de vida do povo de Cáceres”, disse.
O então candidato citou que as belezas naturais de Cáceres precisam receber maior investimento e estrutura para fazer o Turismo crescer na região.
“Mais Turismo é sinônimo de mais emprego e renda, de mais qualidade de vida. Em Cuiabá, a Orla do Porto era um lugar sujo, frequentado por usuários de drogas, prostituição. Hoje é um grande point porque tivemos esse olhar. Faremos em Cáceres aqui nessa orla algo no mesmo molde, tão grande e tão bonito”, garantiu.
As promessas continuaram. Em junho de 2021, os secretários de Estado e Desenvolvimento Econômico (Sedec), Rui Barbosa Egual e da Secretaria de Estado e Infraestrutura e Logística (Sinfra), Marcos Ojeda, estiveram em visita a cidade, para iniciar a obra de construção da Orla de Cáceres.
À época a secretária de Turismo, Alessandra Castilho, disse que acompanhou os secretários para supervisionar a primeira etapa da construção. “Eles explicaram que iniciam a obra ainda neste semestre. A construção da Orla será por etapas, o valor inicial é de R$ 4 milhões. E para baratear os custos, a construção começa da Sicmatur até a Praça Barão” disse.