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'Ela sofreu na mão dele; era um psicopata', diz irmão de vítima de feminicídio em Cáceres
Por MidiaNews
23/10/2023 - 15:37

Foto: arquivo pessoal

Doze anos de um casamento permeado por violências culminaram nas 44 facadas que mataram a técnica de nutrição Rosemar Cebalho Baroncielo, de 34 anos. Uma semana após o brutal feminicídio, a família segue incrédula com a morte.

O irmão mais velho de Rosemar, o motorista Sidnei Cebalho Baroncielo, de 36 anos, se aferra a um possível diagnóstico de psicopatia do excunhado, o pedreiro Aloísio Teodoro Bispo Filho, de 37, na tentativa de assimilar o que aconteceu. “Acho que ele era psicopata mesmo. Porque o camarada fazendo uma coisa dessas não tem outra explicação”, afirmou Sidnei.

“A gente não consegue nem falar, explicar o tamanho dessa dor”, disse ele. Há cerca de três meses Rosemar deu fim à sua relação com Aloísio, com que teve um casal de filhos - uma menina de 8 anos e um menino de 6. Cansada das humilhações e agressões que viveu ao lado do marido, segundo o irmão, ela só queria ser feliz. “Sofreu muito na mão dele, fora a agressão física tinha a agressão verbal”, disse.

“Agora que ela conseguiu se livrar dele tinha vários sonhos, queria terminar os estudos na área dela. Me disse que agora sim ela ia ser feliz, porque antes ela não era”. 

Sidnei conta que na frente da família as agressões eram verbais. “A violência, quando nós estávamos próximos, era mais no tom de voz. Falava alto, era grosseiro, tentava humilhá-la várias vezes”, disse.

Apesar desses sinais, a família da vítima jamais acreditou na possibilidade de Aloísio matar Rosemar.

“Não acreditávamos que algo assim fosse acontecer, pelos filhos e por ela, né? Foram 12 anos vivendo juntos”, afirmou. Rosemar foi morta após ser surpreendida por Aloísio quando chegava a casa do trabalho, na tarde do domingo passado (15), em Cáceres. Ele invadiu a casa da ex e a recebeu a facadas.

Sidnei acredita na premeditação do crime, uma vez que o ex-cunhado perseguia Rosemar e sabia de cada passo dela, mesmo ela tendo se mudado com os filhos para perto da casa dos pais após o divórcio. Aloísio era visto rondando a casa de Rosemar até mesmo de madrugada.

“Várias vezes ele ficava ali na rua. Tinham pessoas que o viam escondido entre as árvores. Minha esposa saia às 5h30 para o serviço, e várias vezes o viu na rua também”.

A família se dividia para não deixar Rosemar sozinha. Um dos irmãos a levava ao trabalho, no Hospital São Luiz, e ela voltava para casa na companhia de um colega do serviço, que era amigo da família.

No dia da tragédia esse amigo estava com Rosemar e presenciou o crime. Foi ele quem saiu para pedir socorro e acionou a Polícia.

“Ele passou a perseguir e estudar certinho todos os horários dela. Estudou tudinho, o horário que ela saía, o horário que ela chegava”, afirmou Sidnei.

“As crianças estavam com a minha mãe na igreja naquele domingo. Ela ficava com eles quando a Rosemar estava trabalhando e acho que ele sabia disso, sabia certinho o que ele ia fazer. Não tem outra explicação”, disse.

Tentou matar o ex-sogro

Antes de assassinar Rosemar, Aloísio já havia atentado contra avida dela logo após o pedido de divórcio. Ela tinha inclusive uma medida protetiva contra o ex. Alcoolizado e armado com uma faca, ele tentou matar a ex, que conseguiu fugir. 

Acreditando que a encontraria na casa dos pais, ele arrebentou o portão dos ex-sogros e também tentou matar o pai dela.

A mãe de Rosemar precisou intervir com uma cadeira. “Minha mãe jogou uma cadeira nele para defender o meu pai”, contou.

Saudade eterna 

Emocionado, Sidnei descreveu a irmã como uma mulher trabalhadora e alegre, uma super mãe fonte de inspiração. “Ela era feliz, alegre. Na verdade, nunca a vi triste, só a via sorrindo, por mais que estivesse passando por dificuldades estava sempre sorrindo. Ela colocava as pessoas para cima, inspirava todo mundo”, disse.

“Ela nunca dependeu dele. Tudo ela que fazia pros filhos, pra casa, pra tudo, sempre foi ela. Queria mesmo era viver com os filhos e ele impediu isso”. A família tentou poupar as crianças de saberem que o pai deles matou a mãe. Mas esse foi o primeiro palpite quando souberam da morte. “Nós tentamos poupar só que na hora que falamos, eles mesmos já disseram que foi o pai deles. Presenciaram muita agressão”, disse.

Aloísio foi preso na manhã de segunda-feira (16) enquanto tentava fugir de moto para a Bolívia. Ele recebeu voz de prisão e logo confessou o crime

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