A Câmara de Cáceres foi espaço de debates sobre direitos humanos, questões raciais, segurança alimentar, emergência climática e violência política de gênero, que reuniu acadêmicos, professores e especialistas, nas últimas três semanas, na cidade. Na Câmara, a roda de conversa aconteceu na quinta-feira (7/11), no plenário Hênio Maldonado.
Quem representou o parlamento foi o vereador Cézare Pastorello (PT). Ele destacou que é fundamental a casa de leis atuar ativamente na proteção dos direitos humanos e na defesa do meio ambiente, principalmente porque Cáceres faz parte do bioma Pantanal e que há uma emergência climática de escala global.
"O que nós [vereadores e vereadoras] podemos fazer? Em parte, nos posicionando, por exemplo, contra a instalação de PCHs, contra a dragagem do Rio Paraguai, para a viabilização da hidrovia, porque isso gera a crise hídrica, que prejudica toda a produção de alimentos que nossa população precisa ter acesso", disse.
Sobre a produção alimentar, Maria Rita, coordenadora do Grupo de Jovens da Reserva da Biosfera do Pantanal, destacou que o sistema da Agroecologia é o caminho para uma produção alimentar do planeta mais sustentável, em contraposição ao atual modelo hegemônico capitalista/monocultural. Agroecologia é uma lógica de produção de agricultura que interage com a natureza, sem a necessidade de derrubar milhões de hectares para produzir alimento.
"É agora ou nunca. Se a gente quer ter uma chance de um futuro gostoso, e que tenha esse bem-viver associado, a gente tem que se mexer, porque, se deixar o sistema capitalista decidir por nós, isso não vai acontecer", alertou Maria Rita, que foi uma das palestrantes do evento na Câmara.
INSEGURANÇA ALIMENTAR
A roda de conversa contou ainda com a presença da professora doutora Maria Campos, que fez um traçado da política de segurança alimentar e nutricional no Brasil, nas últimas décadas.
"De acordo as pesquisas, o histórico recente da insegurança alimentar no Brasil, esse problema tem gênero, que são as mulheres; ele tem raça/cor, que são os negros e pardos; nós temos os bolsões, que são as famílias em vulnerabilidade social de pobreza. E aqueles que têm menor escolaridade", elencou.
Acrescentou que, por outro lado, existem algumas políticas que contribuem para a segurança alimentar e nutricional no país, a exemplo da Política Nacional de Alimentação e Nutrição, que promove a alimentação adequada e saudável das pessoas. A política é desenvolvida pelo SUS.
Também foram debatedores do evento, o advogado e presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB em Cáceres, Bruno de Jesus Barros; e o professor doutor da Unemat, Armando do Lago. Eles fizeram uma roda de conversa com o tema "A Práticas dos Direitos Humanos".
SÉRIE DE EVENTOS
Edir Antonia, coordenadora do evento e presidente do Centro de Referência em Direitos Humanos - Professora Lúcia Gonçalves, explica que as rodas de conversas se iniciaram no último dia 20 de novembro. Ao todo, são quatro seminários, que debatem os temas voltados aos estudos raciais, direitos humanos e política de gênero, são eles:
- XVIII Seminário de Ações Afirmativas;
- XIII Semana de Estudos Éticos Raciais;
- VI Semana de Direitos Humanos;
I Encontro Mato-grossense sobre a Violência Política de Gênero, com o tema: "Luta Contra Violências e Desigualdades pela Reconstrução do Estado Democrático de Direito e Pelo Bem-viver dos Territórios Mato-grossenses.
Os eventos foram realizado pela Adufmat, Campus Universiário Jane Vanini, IFMT Cuiabá, Centro de Referência em Direitos Humanos - Professora Lúcia Gonçalves da Unemat; Negro Unemat; UFMT, Andes, Candir, Jovens da Reserva da Biosfera do Pantanal.