A Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) fez uma força-tarefa para auxiliar um produtor de ovos na vacinação de duas mil aves, em Cáceres. A iniciativa contou com a ajuda do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), por meio da coordenação do curso técnico em agropecuária.
Com uma produção de 400 a 500 ovos por dia, o proprietário da Granja Alvorada da Serra destacou que estava preocupado em manter as aves vacinadas. Jeferson Gonçalves Silva destacou que os animais vacinados não entraram em fase de postura e ainda não estão produzindo ovos devido à idade e que sempre teve o cuidado em manter o controle sanitário, conforme orientado.
“Recebo assistência técnica da Empaer há anos, mas estava realmente preocupado em saber como conseguiria imunizar tantas aves, pois elas precisavam ser vacinadas uma a uma. Iria precisar contratar mão de obra, o que geraria um custo que não estava previsto no orçamento”, afirmou.
Jeferson lembrou que foi necessário uma manhã e parte da tarde de muito trabalho. “O trabalho aconteceu na última semana de janeiro e foi bonito ver a empolgação dos jovens que além de estarem aprendendo na prática sobre todos os aspectos necessários para promover uma vacinação com uma grande quantidade de aves ainda interagiram entre si e lembravam o tinham aprendido em sala de aula”.
A ideia da força-tarefa foi do produtor juntamente com a médica veterinária da Empaer, Laura Peixoto de Arruda, que realizou o contado com o IFMT e foi informada que os alunos estavam de férias, mas realizando estágio no período. “Associamos o útil ao agradável e com a autorização da coordenação do curso foi proporcionado aos alunos a aula prática”.
Laura explicou que as duas mil frangas foram vacinadas com imunizantes comerciais para prevenção da coriza infecciosa, tifo e paratifo aviário. “As aves, independente do sistema de criação, devem ser imunizadas para prevenir diversas doenças que podem causar mortalidade, diminuição da produtividade, baixa imunidade e o surgimento de infecções oportunistas”.
A veterinária que já acompanha a propriedade frisou que a granja possui calendário sanitário com descrição das vacinas que devem ser utilizadas de acordo com cada idade. “As aves recebem alimentação natural composta por capim, moringa, bananeira, ração vegetal à base de milho, farelo de soja e núcleo e eventualmente frutas. Não há uso de antibióticos ou outros antimicrobianos na ração”, destacou.
O coordenador de extensão do IFMT, Vagner Aniceto Teixeira, explicou que seis alunos participaram da atividade e que em outras ocasiões a parceria com a Empaer é sempre bem-vinda.
“Com o convite e vendo a empolgação dos alunos seria interessante um programa educacional entre as duas entidades. Estamos sempre em visita no Campo Experimental de Cáceres e promovendo aulas práticas dos nossos alunos relacionados a propagação de plantas, enxertia entre outros assuntos. A aula prática na granja veio para agregar o que eles aprenderam em sala de aula e que precisa ser feito no dia a dia de qualquer produtor seja para comercializar ou somente para consumo em casa. Estamos sempre à disposição”.
A atividade contou ainda com apoio do técnico agropecuário da Empaer Walmir Cebalho de Souza Garcia e do professor do IFMT Admilson Costa da Cunha.
Cuidado com a produção
A criação do sistema caipira com ovos comerciais segue as normas da ABNT NBR 16437 que são as diretrizes de como deve ser a produção, classificação e identificação do ovo caipira, colonial ou capoeira.
De acordo com a médica veterinária, muitos pequenos produtores que possuem criação de subsistência desconhecem a importância da vacinação ou culturalmente acreditam que possam prejudicar a saúde ao consumir a carne desses animais.
“As vacinas vão estimular o sistema de defesa da ave a combater os agentes perigosos. Não prejudica a saúde do consumidor. Muitos produtores por não vacinarem e sem um acompanhamento sanitário adequado da criação, acabam utilizando indiscriminadamente, sem controle algum, antibióticos adquiridos em lojas agropecuárias, os quais adicionam na água ou na ração dos animais”, reforçou.
Ela pontuou que estes sim, ao serem utilizados de qualquer jeito e sem respeitar o período de carência, podem estar acarretando prejuízos para a saúde humana no consumo de carne e ovos contendo resíduos de antibióticos e outros antimicrobianos.
“Muitas vezes surge uma doença na propriedade que causa mortalidade de muitos animais do plantel. Isso é comum no meio rural. Por vezes acontece em mais de um produtor da região e que poderiam ser evitadas com a vacinação preventiva das aves”.
A Empaer está à disposição para orientar o produtor nesse sentido e auxiliar na elaboração do calendário sanitário.
Em caso de mortalidade de aves ou doença de impacto que possa ocorrer na propriedade, os produtores devem avisar o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) para que o órgão consiga fazer as análises e identificar o tipo de doença que acometeu a criação e tomar os cuidados necessários para que, em se tratando de algo perigoso à saúde ou com potencial para disseminar muito rápido para outras propriedades, sejam tomadas as medidas necessárias.