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'SAEM EMPODERADOS' - Juiz diz que criminosos fazem 'pós-graduação' em presídios federais
Por Vanessa Araujo - Especial para o GD
25/02/2024 - 12:59

Foto: João Vieira

Os presídios federais têm sido pauta recorrente nos últimos dias após a fuga de dois detentos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN). Em entrevista essa semana, o juiz Geraldo Fidelis, da 2ª Vara Criminal de Cuiabá, defendeu que reeducandos deixem de ser enviados a estas unidades, pois, segundo ele, isso “empodera” os presos que fazem uma espécie de “pós-graduação” nos locais.

 

“Mato Grosso foi sensível e muito inteligente em criar um espaço adequado para nós não precisarmos colocar nenhuma pessoa em uma penitenciária federal. É muito ruim deslocar uma pessoa daqui para fora, porque é igual pegar uma pessoa que fez Direito numa universidade qualquer e depois fazer um curso de pós-graduação em Brasília ou então em Oxford, na Inglaterra, por exemplo. Eles já voltam de lá sendo respeitados pela criminalidade, pelas pessoas da sua área de atuação. E o crime também é assim, quando a pessoa vai para um presídio federal, voltam para cá empoderados na área criminal”, argumentou o juiz.

 

Indagado sobre as críticas do governador Mauro Mendes (União) às leis brasileiras, o magistrado afirmou que, apesar de respeitar a opinião do governador, eles divergem no assunto.

 

“Eu respeito o governador, mas eu não concordo com ele. […] Precisamos esclarecer a sociedade, do que era antes da adoção de algumas leis, como, por exemplo, a adoção da necessidade da audiência de custódia, que ela, na verdade, filtra as pessoas que devem voltar à sociedade. Falta o Estado, falta o Estado social, falta a atenção ao drogadito, que comete os crimes, faz os furtos para alimentar seu vício. Então, essa é uma situação complicada que é importante para o governo investir, mas é social, porque hoje em dia nós vemos os bolsões de pobreza e situação de rua e não tem essa tensão necessária para fazer frente a esse problema grave que é a drogadição do nosso estado, da capital principalmente”, argumentou.

 

Questionado sobre como resolver o problema da criminalidade entre os reeducandos que cumpriram a pena e voltam a cometer crimes, o juiz defendeu que o Estado deve trabalhar para empregar essas pessoas, dando atenção para que se ressocializem.


“Tem que colocar essas pessoas para a área de atenção, tem que dar trabalho, dar banho, roupa, atenção e estudo para essas pessoas. Quem está na área de execução penal, nós temos um histórico social que o governador está dando todo o apoio e a Justiça também para evitar exatamente o fenômeno de regresso”, finalizou.

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