Duas semanas após o filho Lucas Veloso, de 27 anos, morrer durante um treinamento do Corpo de Bombeiros em Cuiabá, os pais da vítima foram ao Palácio Paiaguás cobrar do governador Mauro Mendes (União) a assinatura de um decreto que torne obrigatório a filmagem dos treinamentos militares. (Veja entrevista abaixo).
O Decreto Lucas Veloso Peres obriga a gravação de todo o processo de treinamento das forças de Segurança do Estado de Mato Grosso.
Revolta dos pais
Cleuvimar Velozo, pai de Lucas, afirmou à reportagem o quanto é dolorosa a causa pela qual estão batalhando após a perda do filho.
“É uma luta mas eu e minha família já decretamos que perdemos o nosso filho. Mas, é uma luta para todas as famílias, para que isso seja cessado, para que não sofram o que estamos sofrendo”, disse Cleuvimar.
Maria do Carmo Velozo Peres, mãe do aluno morto durante o treinamento na Lagoa Trevisan, explica que a medida de filmagem dos treinamentos é sinônimo de maior segurança nas atividades desenvolvidas durante o curso de formação militar.
Governador Mauro Mendes assina decreto em MT (Foto: Secom)
2ª morte em curso
Não é a primeira vez que morre um aluno. Rodrigo Claro morreu no dia 15 de novembro de 2016, cinco dias após passar mal em uma aula prática na mesma lagoa.
Ele tinha como instrutora a tenente Izadora Ledur.
Ao saber da morte do aluno Lucas Veloso Perez, a mãe do ex-aluno Rodrigo Claro disse ao Primeira Página que sentiu uma tristeza profunda ao ver a história se repetir.
Pais do aluno Lucas Velozo lutaram por decreto de filmagem em treinamentos de bombeiros militares. (Foto: Camila Freitag)
Com a assinatura do decreto, a família de Lucas não precisa mais esperar a votação de um projeto de lei que já havia sido criado com o mesmo objetivo.
Projeto de lei
Após a morte de Lucas, no dia 27 de fevereiro deste ano, um projeto de lei foi elaborado visando obrigar a gravação dos treinamentos do Corpo de Bombeiros e Polícia Militar.
A proposição é do deputado Júlio Campos (União Brasil), que já tem uma minuta pronta.
O texto, já produzido, diz que todos os treinamentos devem ser gravados, de modo audiovisual, respeitando a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), respeitando os direitos dos indivíduos envolvidos.
Procurado, o Governo do Estado respondeu, no início deste mês, que a Corregedoria dos bombeiros investiga o caso da morte de Lucas.
Lucas Velozo morreu em fevereiro deste ano, durante treinamento militar. (Foto: Arquivo Pessoal)
Júlio Campos lembrou, em entrevista à reportagem, que três mortes já ocorreram na Lagoa Trevisan durante treinamento e que a família do Lucas Veloso esteve em seu gabinete e pediu para ter contato com alguém do Governo do Estado. O contato foi intermediado.
Morto durante treinamento
Antes de morrer durante um treinamento do Corpo de Bombeiros em Cuiabá, na manhã do dia 27 de fevereiro deste ano, o aluno Lucas Veloso Perez, de 27 anos, relatou estar sentindo falta de ar enquanto tentava mergulhar na Lagoa Trevisan, na região metropolitana da Capital.
O treinamento era voltado para o salvamento de vítimas durante situações de afogamento.
Em depoimento à Polícia Civil, bombeiros, que estavam presentes no local, informaram que o aluno tentou se agarrar em um equipamento de apoio, mas acabou perdendo as forças e afundou na água.
Foi então que um capitão que estava presente conseguiu retirar Lucas da água e levá-lo, em um barco, até as margens da lagoa – onde uma manobra de reanimação cardiopulmonar foi feita no aluno.
Ainda em parada cardíaca, como afirma o delegado, Lucas foi encaminhado ao hospital H-Bento, na Capital. Na unidade, equipes médicas ainda tentaram uma nova manobra de reanimação, mas a morte de Lucas foi confirmada.
Lucas era natural de Caiapônia, em Goiás e não possuía familiares em Mato Grosso. Entretanto, o tempo em que ele residia no estado mato-grossense não foi informado.