Amamentação em 2013: aconselhamento dourado e regulamentado
Por por Rodrigo Carvalho
05/02/2013 - 08:23
Amamentólogas desse Brasilzão sem porteira, 2013 é ano de muitas expectativas para a causa da amamentação.
2013 será para entender o aconselhamento e internaliza-lo, dourar o mês de agosto e fortalecer o movimento pela regulamentação da Lei 11.265/06, que, em dezembro, completou 7 anos.
A mulher precisa de apoio e encorajamento para empoderar-se de seu próprio corpo físico, mental e espiritual.
Nossa! Parece tão estranho, pela obviedade da expressão, mas acredito que Rubem Alves estava mesmo com a razão quando dizia que no processo educativo a gente vai perdendo o corpo com a influência externa, ao ponto de não reconhecermos mais esse corpo. Me pergunto, se a mulher ainda não sofre um certo desdém alheio por carregar dentro de si um outro corpo e, por isso, ser vista incapaz de cuidar de um outro corpo. A lógica talvez nos faça pensar dessa forma: se cuidar do próprio corpo tem se tornado em algo incomum, para não dizer, estranho, imagine quando esse cuidado se estende a um outro corpo que cresce dentro de si.
O aconselhamento, percebo, ser situações que vão além do, e para o empoderamento exclusivo do corpo feminino. Isso também implica um outro corpo que mesmo sendo gerado em suas entranhas, também precisa ser empoderado, respeitado, encorajado, apoiado, observado e escutado.
A reflexão sobre o aconselhamento extrapola à atenção unicamente materna, pois é preciso se atentar ao fruto do ventre, que aos poucos toma vida própria, com expressões peculiares e próprias, enfim, um outro corpo teórico e prático, um corpo vivo.
Essa, a díade a ser empoderada: mulher/mãe e o ser gerado.
Um corpo que já foi transformado, não destituído do direito de suas razões e desejos e um outro, "novo", que se prepara para a sua independência gradual e que precisa ser reconhecido e cuidado, não possuído.
Dourar o mês de agosto é dar o devido valor, a peso de ouro, a uma prática culturalmente negada, de uns tempos para cá, descreditada por sua possível substituição industrial e, talvez por isso, desacreditada por famílias distraídas ao longo dos anos. Resgatar o baú dourado perdido do aleitamento materno para distribuir as suas preciosidades inesgotáveis à todos e todas que dele se valerem, é a nossa missão como amamentólogos. A amamentação é jóia preciosa a adornar o colo feminino e a enriquecer o corpo que é sustentado. Leite materno é ouro, é padrão ouro, é padrão para o crescimento e desenvolvimento infantil seguro.
A mulher empoderada poderá, por sua vez, fazer valer a Lei que regulamenta a comercialização de alimentos para os infantes. O apoio deve ser em tal proporção que a faça compreender ser a própria Lei em si mesma, compreendendo o valor de seu líquido natural e de todos os recursos que a natureza lhe oferece para alimentar a sua prole. Ela pode vir a se empenhar em fiscalizar o comércio local exigindo que não haja promoção comercial indevida de produtos alimentícios industrializados voltados para o público infantil e, de quebra, incentivar a produção familiar e comunitária de hortaliças e frutíferas junto aos seus.
Empoderar-me de reflexões e mudanças pertinentes para encorajar outros corpos também para os seus processos de empoderamento integral. Tornar o mundo mais reluzente e compreender, junto a essas mulheres e suas famílias, as ameaças danosas ao pequeno corpo a ser cuidado, é o meu compromisso para 2013.
Rodrigo Carvalho - Nutricionista da SES/MT, membro da Rede IBFAN e do ACALMMA.